Com proposição ao eixo História da educação e do corpo, higiene e materialidades, este artigo apresenta um recorte micro histórico sobre a cultura material escolar na província da Bahia a partir da tentativa de substituição das carteiras escolares nas duas escolas normais da sua Capital, Salvador, que eram de modelo norte-americano - assim como nas aulas públicas das freguesias da mesma cidade - por um lote de novas de origem alemã, no ano de 1881, durante a gestão do diretor geral de instrução Cônego Romualdo Barroso. Rastreia as relações entre a materialidade das carteiras escolares, o saber docente e suas relações com o saber médico higienista, entre 1881 e 1885 utilizando como fontes os quatro relatórios do referido diretor geral de Instrução Pública, dos anos de 1881 a 1884; pedidos enviados por professores /as das aulas públicas da província da Bahia solicitando mobiliário escolar; o artigo do médico Antônio Pacifico Pereira, publicado na revista Gazeta Médica da Bahia, em janeiro de 1881, sobre a Hygiene nas escolas. Ancora na perspectiva da História Cultural Francesa das práticas sociais, problematizando micro historicamente os indícios e rastros de práticas culturais escolares expressas em projetos, prescrições, pareceres de comissões sobre a mobília escolar. Tem como base historiográfica a produção brasileira de autores do campo da História da Educação a partir das categorias analíticas de Cultura Escolar, Cultura Material Escolar, Materialidade Escolar e Higiene Escolar.
Este artigo problematiza as escolas noturnas para adultos trabalhadores na província da Bahia, no período de 1870 a 1888, enquanto parte da escolarização empreendida entre o ano da criação do Conselho de Instrução Pública pela lei 172 de 25 de maio de 1842 e o ano de 1888, da Abolição da escravidão, que juridicamente estabeleceu novas formas de trabalho na sociedade. A vertente teórico-metodológica utilizada é uma História Social da Educação com abordagem micro-histórica dos sujeitos. Enfoca evidências sobre diversas aulas e casas de educação da província baiana cujos registros ainda são acessíveis. O critério metodológico foi articular um variado corpus de fontes como ofícios de diversos sujeitos da instrução pública baiana- pais, mestres, inspetores- e fontes oficiais da Diretoria Geral de Instrução Pública como regulamentos de ensino, relatórios de presidentes da província, relatórios de diretores de ensino, relatórios de diretores da Instrução Pública, mapas e quadros estatísticos de professores a um contexto/ processo específico vivido pela sociedade brasileira/baiana – o débâcle do escravismo em consonância com a crescente preocupação com a formação de um novo trabalhador a partir do categorizado como elemento nacional.
A proposta de organizar o dossiê temático Infância e Educabilidades na Revista Nordestina de História do Brasil (RNHB) incide no interesse em divulgar este campo historiográfico e a sua produção na Bahia. Parte do interesse conjunto das organizadoras em apresentar as possibilidades de articulações e relações entre o campo de pesquisa histórica sobre a Infância com aquelas referentes às diversas formas de sua Educabilidade – na Escolarização ou Educabilidade Formal; nas Educabilidades Informais; e nas Educabilidades Não-Formais, na perspectiva daquelas que ocorrem em diversas relações socio-históricas. O âmbito espacial é o Brasil, contemplando qualquer período de sua história.
O texto apresenta estratégias senhoriais na disputa pelos serviços de crianças ingênuas na província, depois estado da Bahia, no período de 1880 a 1900. A Lei 2040 de 28 de setembro de 1871 – conhecida como Lei do Ventre Livre – estabelecerá que a partir deste dia toda “criança nascida de ventre escravo” seria considerada livre. Estabeleceu também procedimentos sobre a criação destas crianças, sobre os usos de seus futuros serviços, assim como regulamentou normas sobre o Fundo de Emancipação, criado em 1869, quanto à venda de mulheres escravizadas com filhos menores de 12 anos de idade. Utilizando registros referentes a estas questões, o artigo trata de experiências nos usos dos serviços de ingênuos (as) como as assunções de tutelas, os contratos de assoldamentos e a prática de venda de mães escravizadas com a ressalva de que “tinham crias”, conforme registros de compra e venda de cativas na cidade de Feira de Santana.
Este artigo apresenta uma pesquisa continuada sobre a escolarização dos ingênuos, e indiciando a de libertandos nas aulas públicas elementares ou de primeiras letras da Província da Bahia, entre 1871 e 1888. Utilizo como fontes documentos oriundos da série instrução pública como ofícios de inspetores litterarios; correspondências de professores/as; um mapa de aula pública de Salvador datado de 1888; Fallas e Relatórios de Presidentes da Província da Bahia e de Diretores Gerais de Instrução; circulares e avisos enviados pelo Ministério da Agricultura, Comercio e Obras Públicas do Império Brasileiro. O objetivo é indicar a presença nas aulas públicas da província da Bahia de crianças filhas livres da mulher escrava, os Ingênuos e as Ingênuas, assim delimitadas pela lei 2040 de 28 de setembro de 1871.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.