This article analyses the production of an anti-anticolonial memoryscape in Cape Verde in the 1990s. We will show how this process is bound up with a mnemonic transition that accompanied the economic and political transition taking place in the country and also marked by changes occurring internationally in the wake of the fall of the Berlin Wall and the global expansion of multipartidarism. Proposing a broadening of the concept of memoryscape, we will examine the alterations produced in the public space, in the national symbols and in the valorization of events and personages that have marked the history of the archipelago. We find that they produce a mnemopolitical imaginary different from the anticolonial legitimacy that had emerged from a victorious liberation struggle against Portuguese colonialism and became hegemonic immediately after independence (1975–1991).
Os feriados públicos são momentos-chave na biografia de uma nação. Nesse contexto, o dia 3 de fevereiro reveste-se de uma importância particular no calendário festivo de São Tomé e Príncipe, pois refere-se ao Massacre de Batepá, tido como o episódio mais doloroso de sua história e que, simultaneamente, celebra o momento fundador do nacionalismo são-tomense. Partindo desse pressuposto, o que pretendo demonstrar, através de distintos momentos no tempo e, portanto, diferentes contextos sociopolíticos, é que o dia 3 de fevereiro é, por um lado, uma data que serve para legitimar o estado-nação e que dá origem a uma narrativa dominante e, por outro, um feriado que, paralelamente, também proporciona espaços discursivos, simbólicos e políticos de articulação de memórias não dominantes desse passado. O que aqui procurarei demonstrar é que por mais que as políticas de memória de um evento histórico sejam instituídas e ritualizadas pelo Estado e deixem lastro ao longo de décadas e através de gerações, existe uma pluralidade de processos mnemônicos, sociais e políticos em movimento na interpretação e discussão desse passado. De fato, através das múltiplas vidas de Batepá, estão constantemente a emergir outras memórias e negociações simbólicas mediante as quais os são-tomenses têm procurado inscrever o seu lugar nesta história.
O presente artigo propõe-se pensar as interseções entre a memória e a identidade nas representações do «Massacre de Batepá» pelas poetas Alda Espírito Santo e Conceição Lima. A partir do conceito de fantasmagoria de Avery Gordon e da sociologia das ausências e das emergências de Boaventura de Sousa Santos, concluí que, por motivos geracionais, os fantasmas que habitam os seus textos são muito distintos, manifestando conceções diferentes daquela que será a identidade cultural santomense.
Descolonizar a fantasmagoria. Uma reflexão a partir do "Massacre de 1953" em São Tomé e Príncipe* Assumindo o papel insubstituível dos espetros no questionamento do passado, em particular no que toca a momentos que representaram cesuras potencialmente traumáticas, proponho, no presente artigo, testar o valor de um conceito de origem marcadamente ocidental, como a fantasmagoria, na construção de políticas e práticas pós-coloniais da memória. Pretendo, deste modo, demonstrar as possibilidades sociológicas, políticas e literárias da figura do fantasma quando aplicada a um acontecimento com as especificidades histórico-culturais do "Massacre de 1953", em São Tomé e Príncipe.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.