Uma importante lacuna nos estudos sobre a modernidade e o modernismo no Brasil acaba de ser preenchida com a publicação do livro de Tadeu Chiarelli,que aprofunda,de forma original,a análise das idéias estéticas e da crítica de arte do período.Modernidade, modernismo, vanguardas e retorno à ordem são conceitos que,quando pensados a partir da história da arte brasileira, formam uma totalidade complexa. Em relação aos países europeus, eles possuem diferenças claras e correspondem à análise de fenôme-nos igualmente distintos. Pode-se dizer que, naqueles países, a modernidade na arte correspondeu à sua ação dentro da nova realidade urbana e industrial,propondo a constituição de sistemas de signos inovadores,que foram progressivamente rompendo com a arte do passado e com a ideologia burguesa dominante desde meados do século XIX.As vanguardas dos anos 1900-10 concretizaram as rupturas e as novas proposições radicais que constituíram essa modernidade:as pesquisas iniciais de Picasso e Braque,o futurismo,o expressionismo,as abstrações,o dadá e o surrealismo.O retorno à ordem converteu até certo ponto,no período entreguerras (mas com manifestações desde 1910), o experimentalismo e a abertura de campos realizados pelas vanguardas em conjuntos mais ou menos rígidos de normas,regras e leis que deveriam nortear a produção artística. Com isso, o espaço moderno de rupturas sofreu, conforme os momentos e segundo os países, desde "neutralizações mascaradas" até endurecimentos dogmáticos. Em alguns países, movimentos que constituíram esse retorno à ordem chegaram a unirse,antes da II Guerra Mundial,a regimes totalitários,como foi o caso na Alemanha e na Itália. A crença na modernidade de muitos dos primeiros artistas que constituíram as vanguardas foi consideravelmente CRÍTICA AMBIGÜIDADES NA CONSTRUÇÃO DE UM "GÊNIO BRASILEIRO"Icleia Borsa Cattani