Introdução: A Doença de Behçet é uma afecção inflamatória multissis-têmica, de acometimento vascular e de causa ainda desconhecida, basica-mente caracterizada por úlceras orais e genitais recorrentes, uveíte e lesões cutâneas. O diagnóstico é essencialmente clínico, não havendo característi-cas genéticas, histológicas, laboratoriais ou exames de imagens específicos. No entanto, o tratamento compreende diversas estratégias ainda indicadas de forma empírica, de acordo com as manifestações clínicas e sintomas. Relato de caso: E.D.S.B, 28 anos, parda, nuligesta, casada, negando uso de método anticonceptivo, foi encaminhada ao ambulatório de patologia do trato genital inferior do Hospital Escola Álvaro Alvim em 28 de maio de 2021 por apresentar lesão vulvar dolorosa havia dois meses. Refere ter feito uso de Aciclovir, Benzetacil e outros antibióticos, sem melhora do quadro. Relatava história de aftas orais recorrentes e pele muito grossa. Negava alterações oculares ou articulares. Ao exame da vulva, apresentava lesão ulcerada em grande lábio direito, com bordas lisas, fundo sujo, endu-recida, com dor à palpação. Foi realizada biopsia e solicitadas sorologias. O exame histopatológico apresentou lesão inflamatória com repercussões vasculares, podendo tratar-se de vasculite de pequenos vasos com padrão leucocitoelástico e necrose fibrinoide, compatível com de doença de Behçet. As sorologias resultaram negativas, e iniciou-se Prednisona 40 mg ao dia e lidocaína gel para uso local e alívio da dor. A paciente foi encaminhada ao oftalmologista e ao reumatologista para tratamento em conjunto. Após cinco meses, retornou para acompanhamento ginecológico relatando secreção vaginal abundante, sem odor e prurido vulvar. Em uso de Azatioprina, relatou diminuição na dose do corticoide. Ao exame vulvar, regressão da úlcera genital. Ao exame especular: secreção algo acastanhada e sem odor, apresentando ulceração às 12 e 3 horas no colo uterino. Foi encaminhada ao reumatologista para ajuste na dose do imunossupressor. Em 18 de março de 2022 estava assintomática, relatando que aumentou a dose do corticoide. Ao exame especular: colo uterino sem alterações. Orientou-se seguimento com reumatologia. Conclusão: A doença de Behçet, por ser multissistê-mica, necessita de uma equipe multidisciplinar para melhor diagnóstico e tratamento em conjunto. A paciente não apresentava os critérios diagnós-ticos completos descritos pelo Grupo Internacional para Estudo da Doença de Behçet, mas sim a forma incompleta da doença. O diagnóstico histopa-tológico da úlcera vaginal confirmou os dados clínicos. Mesmo na forma incompleta da doença, o tratamento e o acompanhamento regulares e pro-longados das pacientes são essenciais para minimizar os efeitos de surtos mais graves e sequelas importantes. As úlceras genitais devem ser pensa-das além das infecções sexualmente transmissíveis (IST), principalmente quando não respondem aos tratamentos convencionais.
INTRODUÇÃO: O carcinoma medular de tireoide (CMT) é uma neoplasia das células C parafoliculares. A forma esporádica está presente na maioria dos pacientes, os quais manifestam mutações somáticas no proto-oncogene RET. Os demais pacientes podem apresentar mutação germinativa neste mesmo gene, resultando em 3 tipos: carcinoma medular de tireoide familiar (CMTF), neoplasia endócrina múltipla (NEM), subdividindo-se em subtipos 2A e 2B. O diagnóstico se dá por Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF) e histopatológico. OBJETIVOS: Relatar o caso de CMT com rara mutação no gene RET e atípica evolução clínica. RELATO DE CASO: mulher, 71 anos, procura atendimento em 2001 queixando-se de mal estar ao deglutir, dor à compressão do pescoço e constipação intestinal. Apresenta ao exame físico nódulo tireoidiano palpável, doloroso, em lobo esquerdo. Mãe falecida por tumor tireoidiano sem investigação. Foi realizada ultrassonografia, evidenciado imagem sólida de 2,1cm. Submetida à PAAF, negativa para malignidade. Indicada cervicotomia exploradora para elucidar diagnóstico, realizada tireoidectomia total e esvaziamento linfático da cadeia central e anatomopatológico constatou CMT. Rastreamento negativo para patologias associadas a NEM 2A e 2B. Realizado teste genético positivo para mutação no gene RET. Em 2010, apresenta altos níveis de calcitonina, sendo indicada reexploração cervical, constatando sítios linfonodais de CMT após exérese dos mesmos. Atualmente segue em acompanhamento, clinicamente bem. CONCLUSÃO: Por se tratar de uma patologia rara, com prognóstico reservado, faz-se necessário a investigação minunciosa de mutação no protoncogene RET na suspeita de CMT, mesmo que não existam outras manifestações que possam incluir o paciente no diagnóstico de NEM.
O vírus Chikungunya é um alphavirus transmitido por mosquito que causa febre e artralgia debilitantes em humanos. As dores articulares podem durar meses ou anos. É vetorizado principalmente pelos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Nos últimos anos, o vírus passou de uma relativa obscuridade para se tornar uma ameaça global à saúde pública, afetando milhões de pessoas em todo o mundo tropical e subtropical. A epidemia de Chikungunya nas Américas e principalmente no Brasil mudou os paradigmas epidemiológicos da doença, nessa análise bibliometria avalia-se o impacto dessa epidemia sobre produção cientifica de conteúdo relacionado a Chikungunya e como mesmo depois da redução da incidência nas Américas, a produção cientifica continuou aumentando, provavelmente por ser uma doença nova e emergente, não ter terapia especifica ou vacinas, e possuir grande capacidade de se cronificar e incapacitar por períodos de anos.
Introdução: Considerada como uma causa importante de morbimortalidade materna, a doença tromboembólica incide em 0,05-0,3% das gestações. Possui como fatores de risco modificações do organismo materno que levam à hipercoagulabilidade, além de fatores intrínsecos da paciente como obesidade, idade, história prévia e familiar de doença tromboembólica, varicosidade, entre outros. Seus sintomas compreendem dispneia, precordialgia e tosse acompanhada de hemoptise. Na conjuntura de pandemia, na qual os sintomas de várias doenças confluem, é de suma importância realizar o diagnóstico diferencial, não abrindo mão de investigar doenças mais incomuns. Objetivo: Relatar o caso de uma paciente com embolia pulmonar durante a gravidez e correlacionar a pandemia de COVID-19 como obstáculo diagnóstico. Métodos: As informações foram obtidas por meio do acompanhamento da paciente, de diagnóstico de imagem, além de revisão de prontuário e pesquisa bibliográfica nas bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed, Google Scholar e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs). Resultados: R.S.C., 26 anos, parda, G2PN1, 11 semanas e 3 dias de gestação, buscou atendimento na maternidade do Hospital Plantadores de Cana em março de 2021, referindo quadro de hemoptise e tosse seca havia oito dias. Ao exame físico, destacou-se a presença de varizes superficiais em membros inferiores, com sinais vitais nos parâmetros da normalidade, e indicou-se internação hospitalar para melhor investigação diagnóstica. Apresentava como patologia pregressa doença vascular periférica, com eco-doppler venoso de membros inferiores de 25 de março de 2021, sem alterações. Na análise dos resultados de exames admissionais, apenas o D-dímero se mostrou elevado. Optou-se por iniciar anticoagulação com Enoxaparina 80 mg, via subcutânea, de 12 em 12 horas. Complementando a investigação, realizaram-se teste rápido para COVID-19, não reagente, e eco-doppler venoso de membros inferiores, com ausência de sinais ultrassonográficos compatíveis com trombose venosa profunda. Notou-se, em tomografia computadorizada de tórax, consolidação parenquimatosa de aspecto triangular com base voltada para a periferia, situada no segmento basal posterior do lobo inferior direito, podendo corresponder a área de infarto pulmonar, além de aumento do calibre do tronco arterial pulmonar, achados sugestivos de embolia pulmonar. Conclusão: Apesar de a paciente não possuir nenhum fator de risco que levantasse suspeita forte de embolia pulmonar, de estar em uma gestação inicial e referir sintomas que coincidem com a descoberta da gravidez, a hipótese não pode deixar de ser aventada. Com o contexto global do COVID-19 e de suas principais manifestações clínico-respiratórias, outras patologias que possuem sintomas respiratórios acabam sendo colocadas em segundo plano. O presente caso teve a dificuldade diagnóstica agravada pelas circunstâncias atuais de pandemia, em que os sintomas se confundem com uma patologia de maior morbimortalidade do que a própria infecção pelo vírus SARS-CoV-2.
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