Pelo menos nos últimos vinte anos, temos visto a produção crescente de artigos, ensaios, livros e dossiês com trabalhos sobre homens negros e masculinidades, em grande parte, escritos e elaborados por homens negros. Esta produção faz parte de um movimento intelectual e político que tem articulado as categorias de raça, gênero, classe, regionalidade e sexualidade dentro de um campo intelectual explicitamente influenciado por autoras do feminismo negro, sobretudo estadunidense, intelectuais negros brasileiros e das teorias pós-colonial ou decolonial. Neste período, a produção intelectual sobre homens negros e masculinidades divulgada em trabalhos escritos ou em discussões e apresentações públicas realizadas por Osmundo Pinho, Rolf Malungo e Alex Ratts e, mais recentemente, na produção feita por Deivison Faustino, Alan Ribeiro, Waldemir Rosa e Henrique Restier. Estes
<p>Resenha do livro <em>Eles: contos</em> de Vagner Amaro publicado em 2018, que aborda as relações dos homens, suas masculinidades e as interações com o mundo à sua volta. </p>
Este artigo procurou apresentar de forma sintética e panorâmica os espaços sociais ocupados pelos homens negros no sistema educacional brasileiro e seus inúmeros desafios. Metodologicamente, sem nos atermos a nenhum grande arcabouço teórico específico, utilizamos duas abordagens: pesquisas quantitativas que se debruçaram sobre a trajetória educacional desse grupo do ensino básico até a pós-graduação e qualitativo, com alguns exemplos concretos de ações afirmativas preocupadas com a relação entre gênero (masculino e feminino), raça e educação. De modo geral, entendemos que as pesquisas, sobretudo quantitativas, que trabalham com o recorte racial e de gênero masculino, se encontram dispersas, dificultando um olhar mais geral e organizado sobre as trajetórias e dificuldades que os homens negros enfrentam na educação. Desse modo, não ganha densidade no debate público, e repercussão nas políticas educacionais. Diante dessa configuração, fizemos a seguinte pergunta: Seria legítimo a adoção de ações afirmativas voltadas prioritária ou exclusivamente para os homens negros na educação?
PALAVRAS-CHAVE: Educação. Juventude negra masculina. Ações afirmativas.
Referência completa:
Vigoya, Mara Viveros. As cores da masculinidade: experiências interseccionais e práticas de poder na Nossa América. Rio de Janeiro: Papéis Selvagens, 2018.
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