A teoria da Transposição Didática (TD) trata da conversão de saberes para serem ensinados no contexto escolar. Na sala de aula, o professor frequentemente recorre às analogias para facilitar a aprendizagem desses saberes. O presente artigo é um ensaio teórico em que se busca uma integração entre a teoria da TD proposta por Chevallard e as pesquisas sobre o uso de analogias no ensino de Ciências. Essa integração permite compreender como que as analogias funcionam como elemento que desenvolve o processo de TD em sala de aula e também como a TD se desenvolve, a partir de um recurso didático como são as analogias. No processo de TD, o tempo é um fator determinante para o professor usar uma analogia, mas sua efetividade ocorre mediante o planejamento. Tanto os saberes quanto as analogias históricas têm o seu contexto histórico omitido. Esta omissão se legitima nos livros didáticos e influencia o modo de agir do professor. Apesar da TD e o uso de analogias serem vistos como processos naturais, é preciso reconhecer o seu papel pedagógico para a aprendizagem das Ciências. Isso ocorre quando os professores refletem sobre o saber e sobre as analogias que utilizam.
As analogias são recursos didáticos utilizados para facilitar a comunicação entre o professor e os alunos. Diferem de outros recursos por estabelecerem comparações entre conceitos familiares e não familiares. No ensino de Biologia é comum a apropriação das analogias pelos docentes na explicação de conceitos científicos. O presente estudo investigou quais as concepções que um professor de Biologia possui sobre o uso das analogias e sua implicação para o ensino-aprendizagem de conceitos científicos. Os dados emergiram a partir de três formas de registro: observação e gravação das aulas do professor; uma entrevista semiestruturada concedida pelo professor; e anotações feitas em um diário de campo. Os resultados mostram que o professor utiliza as analogias espontaneamente. O planejamento do ensino com o uso de analogias não ocorre, pois o docente não o reconhece como um recurso didático, mas sim como uma estratégia, um procedimento, uma técnica ou um mecanismo de ensino. A origem das analogias que utiliza está diretamente relacionada com as suas experiências pessoais, com o livro didático adotado, e com as analogias que os alunos compartilham em sala de aula. Uma concepção equivocada sobre o significado de analogia compromete a sua utilização de modo sistemático pelo professor. Consideramos que a investigação das concepções do professor sobre as analogias durante a sua prática docente é um caminho para que as atividades em sala de aula possam ser planejadas de modo mais consciente.
As analogias no ensino de Ciências são comparações entre dois domínios heterogêneos, um familiar e outro não familiar. Apesar de serem usadas frequentemente em sala de aula, tanto por professores quanto por alunos, é recorrente as confusões em relação ao seu significado, porque são enunciadas sem nenhum planejamento prévio. Essa constatação pode ser explicada pelo fato dos cursos de licenciatura não possuírem disciplinas que comtemplem tais discussões. Formam-se, assim, professores que utilizarão desses recursos em sala de aula, mas que não refletirão sobre a temática. Neste sentido, o presente estudo teve por objetivo identificar quais são as concepções que alunos de dois cursos de Ciências Biológicas possuem sobre o uso das analogias no ensino. A pesquisa caracterizou-se como qualitativa, sendo os dados obtidos mediante a aplicação de um questionário semiestruturado com quatro questões. Estas mapearam a concepção dos licenciandos sobre o uso das analogias para fazerem explicações, em que momentos, e se as analogias e metáforas possuem o mesmo significado. Os resultados mostram que a concepção dos estudantes sobre o tema é diversa. Há uma íntima associação entre os órgãos análogos da biologia evolutiva com as analogias enquanto recurso didático, mostrando uma confusão entre a analogia didática e a analogia biológica. Ao tentar diferenciá-las, os discentes confundem-nas com outras tipologias de comparações, como as metáforas; utilizam do recurso para facilitar a compreensão do assunto trabalhado; quando o conceito é considerado abstrato ou difícil; para introduzir um novo assunto ou para explicar novamente um conteúdo. É necessário que as discussões em torno da temática se iniciem ainda na formação inicial para que o uso espontâneo das analogias seja superado por processos reflexivos.
Resumo: As analogias são comparações entre um conceito conhecido e um conceito desconhecido. No ensino de Ciências são usadas pelos professores para facilitar a aprendizagem de conceitos científicos, mas ao usá-las é necessário um planejamento sistematizado. O objetivo do estudo foi analisar a contribuição de uma formação continuada colaborativa e reflexiva para a tomada de consciência de professoras de Ciências sobre o uso espontâneo de analogias. A abordagem da pesquisa foi qualitativa e envolveu a participação de três professoras. Os dados utilizados para a análise foram as reflexões das participantes geradas no curso e em uma sessão de discussão em grupo. A Análise Textual Discursiva foi usada como referencial analítico. Os resultados indicam que o curso propiciou às professoras refletirem sobre a sua prática e questionarem acerca da formação inicial que tiveram. Os princípios de reflexão e colaboração são essenciais para a formação de professores de Ciências que usam as analogias no ensino.
O SABER DIFUNDIDO NA ESCOLA NÃO É O MESMO DIFUNDIDO PELA COMUNIDADE CIENTÍFICA. OS SABERES CONTIDOS NOS LIVROS DIDÁTICOS TAMBÉM SE DIFEREM DOS PROPAGADOS NOS CENTROS DE PESQUISA. AO PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO DOS SABERES ATRIBUI-SE O NOME DE TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA (TD), SEGUNDO CHEVALLARD (2005). NESTE TRABALHO, FORAM ANALISADAS PERCEPÇÕES DE ESTUDANTES DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS SOBRE O PROCESSO DE TD AO COMPARAREM OS SABERES DOS LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO SUPERIOR COM OS DA EDUCAÇÃO BÁSICA. A PESQUISA É QUALITATIVA E OS DADOS FORAM OBTIDOS POR UM QUESTIONÁRIO RESPONDIDO PELOS ALUNOS. COMO RESULTADOS, OS ALUNOS IDENTIFICARAM DIFERENÇAS NA COMPLEXIDADE DOS SABERES CIENTÍFICOS ENTRE OS LIVROS ANALISADOS, DIFERENÇA NA LINGUAGEM, DA QUALIDADE E DETALHE DAS IMAGENS. A COMPREENSÃO SOBRE A TD É ESSENCIAL PARA OS FUTUROS PROFESSORES REFLETIREM SOBRE O SEU PAPEL NA SELEÇÃO DOS SABERES
O objetivo do artigo foi analisar como as atividades desenvolvidas ao longo de um curso de formação continuada possibilitaram professoras refletirem acerca do uso espontâneo de analogias. A pesquisa é de abordagem qualitativa e envolveu a participação de professoras de Ciências. O curso foi realizado em cinco encontros, tendo como tema o uso planejado da linguagem analógica no ensino de Ciências. Várias atividades foram desenvolvidas, como a leitura de um texto sobre o contexto histórico do surgimento da analogia ‘coração-bomba’ e a produção de planos de aulas. O curso foi gravado em áudio, e as reflexões das participantes foram analisadas por meio da análise textual discursiva. Devido o curso ter sido formulado na perspectiva reflexiva e colaborativa, as participantes puderam refletir sobre a sua prática com analogias, essencialmente espontânea. As atividades propiciaram a apropriação dos saberes essenciais para o uso de analogias planejadas. Raciocinar analogicamente é uma característica exclusivamente humana e natural. No entanto, é necessário que o professor tenha uma formação específica que o conduza a uma reflexão consciente.
Neste artigo apresentamos as respostas e a análise de 45 alunos de Ciências Biológicas a um questionário com questões relativas aos cladogramas, modelos inovadores para pensar as relações de parentesco entre os seres vivos. Ou seja, o modelo cladístico fundamenta-se na metáfora da arvore sem troncos; uma arvore que flutua quando descreve a evolução dos seres animais ou vegetais. O problema de pesquisa foi: Como estudantes de Ciências Biológicas formulavam hipóteses evolutivas diante dos modelos cladísticos? Metodologicamente utilizou-se um questionário com figuras de modelos cladísticos e com perguntas discursivas. Os resultados obtidos indicaram que os 45 entrevistados, embora conheçam o modelo dos cladogramas, pensam-no como esquema similar ao da metáfora darviniana, não o compreendendo ainda como hipótese para pensar a evolução dos seres vivos em sua biodiversidade.
ResumoA presente pesquisa se constitui em um ensaio teórico que teve por objetivo discutir os desafios da articulação entre a formação de professores e o ensino de Ciências com analogias. Para tanto, dialogamos com a literatura especializada da área que contempla os temas em discussão. Como resultados, evidenciamos que as temáticas se complementam, pois ao trabalhar com a formação de professores é possível realizar diversas articulações com a área da linguagem que inclui, também, estudos sobre a linguagem analógica no ensino de Ciências. Como implicações da pesquisa, acreditamos que a superação do uso espontâneo de analogias é possível por meio de um trabalho colaborativo de formação docente. Os momentos de reflexão coletiva contribuem para que os professores repensem sobre a sua prática. Palavras Chave: Formação docente; Ensino de Ciências; Revisão teórica. AbstractThis research constitutes a theoretical essay that had as objective to discuss the challenges of the articulation between the teachers education and the Science teaching with analogies. For that, we dialogue with the specialized literature of the area that contemplates the topics under discussion. As results, we evidence that the themes complement each other, because when working with teacher education it is possible to perform several articulations with the area of language that also includes studies on analogue language in science teaching. As research implications, we believe that overcoming the spontaneous use of analogies is possible through a collaborative work of teacher education. The moments of collective reflection contribute to teachers rethinking their practice. ResumenLa presente investigación se constituye en un ensayo teórico que tuvo por objetivo discutir los desafíos de la articulación entre la formación de profesores y la enseñanza de las ciencias con analogías. Para ello, dialogamos con la literatura especializada del área que contempla los temas en discusión. Como resultados, evidenciamos que las temáticas se complementan, pues al trabajar con la formación de profesores es posible realizar diversas articulaciones con el área del lenguaje que incluye, también, estudios sobre el lenguaje analógico en la enseñanza de Ciencias. Como implicaciones de la investigación, creemos que la superación del uso espontáneo de analogías es posible por medio de un trabajo colaborativo de formación docente. Los momentos de reflexión colectiva contribuyen a que los profesores repiensen sobre su práctica. Palabras clave: Formación docente; Enseñanza de Ciencias; Revisión teórica. Esta obra está licenciada com uma Licença CreativeCommons Atribuição 4.0 Internacional.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.