ResumoFabricado com base no tabaco, o rapé ocupa um lugar especial no xamanismo entre os grupos indígenas do médio Purus (Amazônia). O texto propõe explorar o uso e sentido do rapé entre alguns desses grupos, contribuindo assim para descortinar seu papel e tecer algumas considerações preliminares acerca das práticas de xamanismo na região e da relação dos indígenas com os vários seres que habitam os universos descritos em suas cosmologias. A proposta é realizar um estudo multissituado a partir de dados obtidos em documentos históricos e relatos etnográfi-cos sobre diferentes grupos que vivem na região. Mesmo sem um estudo que aborde de maneira transversal a questão, os dados apresentados apontam para a inevitável conexão entre o rapé e o xamanismo no mé-dio Purus e nos ajudam a compreender a plêiade de grupos habitantes dessa região como um sistema em comunicação, apontando para uma etnologia do Purus para além das diferenças históricas ou etnonímicas.Palavras-chave: Rapé, xamanismo, grupos indígenas, médio Purus, Amazônia SNUFF AND SHAMANISM AMONG INIGENOUS GROUPS ALONG THE MIDDLE PURUS, AMAZONIA AbstractBased on tobacco, snuff occupies a special place in shamanism among indigenous groups in the middle Purus (Amazon region). The article focuses on the use and meaning of snuff among some of these groups, contributing for the understanding of the snuff 's role, and shamanic practices in the region, taking in account the several beings that make part of their cosmologies. The authors present a multisited study based on historical and etnographic sources. The data point to an unavoidable connection between snuff and shamanism in the middle Purus, helping to understand the various indigenous groups as a system in communication, beyond historic or ethnonymic differences. RAPÉ Y CHAMANISMO ENTRE LOS GRUPOS INDÍGENAS EN EL PURUS MEDIO, AMAZONÍA ResumenConstruido alrededor del tabaco, el rapé ocupa un lugar especial en el chamanismo entre los grupos indígenas en el Purus Oriental (Amazonas). El texto se propone explorar el uso y significado de rapé entre algunos de estos grupos, contribuyendo así a desvelar su papel y hacer algunas observaciones preliminares sobre las prácticas chamánicas de la región y la relación de los indígenas con los diferentes seres que habitan los mundos descritos en sus cosmologías. La propuesta es proceder a un estudio multisituado a partir de datos tomados de documentos históri-cos e informes etnográficos sobre los diferentes grupos que habitan la región. Incluso sin un estudio que aborde el tema de forma transversal, los datos presentados apuntan a la inevitable conexión entre tabaco y el chamanismo en el medio Purus, y nos ayudan a entender la constelación de grupos habitantes de esta región como un sistema de comunicación, que apunta a una etnología del Purus más allá de las diferencias históri-cas o etnonímicas.Palabras clave: Rapé, chamanismo, grupos indígenas, Purus medio, Amazónia Endereço do primeiro autor para correspondência: PPGAS/UFAM -
1 Universidade Federal do Amazonas (UFAM, Manaus, AM, Brasil). RESUMO• Este trabalho apresenta um balanço do debate ocasionado pelas ideias suscitadas nas ciências das plantas com o advento da neurobiologia das plantas, destacando, a partir das tensões geradas entre diferentes grupos de cientistas, os elementos do que Hustak & Myers (2012) chamam de uma "narrativa mais rica", além do enfoque redutivo da biologia contemporânea sobre células e genes, ou de uma lógica evolucionista neodarwiniana, e com maior atenção ao organismo e seus modos de relação. Uma narrativa que também dê conta da maneira como as plantas se expressam e permita desvelar os emaranhados nos quais plantas e cientistas estão envolvidos. Inspirada nas ideias introduzidas no campo interespecífico pelas etnografias multiespécies, a hipótese que se coloca é a de que essas tensões, sozinhas ou combinadas, sugerem modos de acessar a perspectiva das plantas.• PALAVRAS-CHAVE • Neurobiologia das plantas; tensões; emaranhados; perspectiva.• ABSTRACT • This paper presents a balance of the debate caused by the ideas raised in plants sciences wit h t he advent of plants neurobiology, highlighting from the tensions generated between different groups of scientists the elements of what Hustak & Myers (2012) call a "richer narrative", beyond reductive focus of contemporary biology on cells and genes, or a neodarwinian evolutionary logic, and with greater attention to the organism and modes of relation. A narrative that also accounts for the way plants express themselves and reveal the entanglements in which plants and scientists are involved. Inspired by the ideas introduced in the interspecific field by the multispecies ethnography, the hypothesis is that these tensions, alone or in combination, suggest ways of accessing the perspective of the plants.•
Ultimamente tem sido contundente a crítica sobre o conceito de domesticação tal qual forjado pela Grande Narrativa com base na história do Oriente Próximo, que o associa ao domínio da Natureza pelo homem, ao sedentarismo, à criação de excedente, ao progresso e à origem do Estado. Por sua vez, no contexto da Amazônia antrópica, o conceito ganhou matizes particulares, tendo sido ampliado e dissociado da noção de agricultura e sedentarismo. Este trabalho tem um duplo objetivo: aproximar ou fazer cruzar as linhas narrativas destes dois fluxos do debate e tentar mostrar outras práticas ou tipos da relação entre humanos e plantas que estão fora do alcance da domesticação.
Nesta resenha do livro de James Scott, "Against the Grain", apresento um balanço das principais ideias levantadas pelo autor, com destaque para as controvérsias entorno do conceito de domesticação.
De alguma forma inscrito no movimento apontado por Myers (2015) como a "virada das plantas", uma atenção por parte de filósofos, antropólogos, escritores de ciência e pensadores de maneira geral para as vidas desses organismos, o livro de Peter Wohlleben (2017), audaciosa ou ingenuamente intitulado A vida secreta das árvores -e assim passível de ser confundido com o famigerado A vida secreta das plantas, de Tompkins e Bird (1974) -, traz uma intrigante "etologia" das árvores, capaz de causar verdadeiros tiques nervosos em cientistas botânicos mais conservadores e apoiadores ferrenhos do establishment científico de maneira geral.Wohlleben, um experiente engenheiro florestal, é responsável atualmente pela gestão florestal do município de Hümmel, na região montanhosa de Eifel, oeste da Alemanha, onde desenvolve um manejo baseado no respeito, empatia e atenção à vida das árvores -estas tidas como verdadeiros sujeitos, com todos os atributos sociais e faculdades que se pode desejar -e seus diversos tipos de relação com outros seres que habitam a floresta. Wohlleben relata, contudo, que nem sempre pensou assim. Seu mito de origem se situa na confluência entre uma experiência pessoal reveladora dentro dos bosques com o acesso a resultados de pesquisas científicas desenvolvidas na mesma reserva em que trabalhava.Depois de anos encarando as árvores simplesmente em função da qualidade de suas madeiras, de seus valores de mercado, foi a partir de um contato mais íntimo e relaxado guiando excursões na floresta que Wohlleben passou a prestar atenção não apenas nos magníficos carvalhos, abetos, faias e pinheiros que estariam prontos para ir pra serraria, mas em todo um outro conjunto de qualidades sensíveis que singularizam as árvores: troncos retorcidos, raízes fora do comum, padrões de crescimento diferentes e camadas de musgo nas cascas. Concomitantemente a isto, os resultados apresentados pela equipe de pesquisadores da Universidade Técnica da Renânia do Norte -Vestfália em Aachen, transformaram a concepção de Wohlleben sobre as árvores, de seres passivos ou autômatos, um produto a ser explorado, para seres sencientes, capazes de comunicar entre si e com outras espécies, de cuidar uns dos outros, Peter Wohlleben. (2017). A vida secreta das árvores. Trad. de P. Rissati (título original em alemão: Das Geheime Leben der Bäume, 2015). Rio de Janeiro: Editora Sextante. 223 pp. isbn: 9788543104652.
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