ResumoAs festas e as religiosidades populares são, há muito tempo, temas recorrentes na pesquisa de folcloristas, memorialistas e pesquisadores acadêmicos. Porém, nem sempre tais fenômenos foram/são devidamente dimensionados e problematizados, levando-se em conta sua efetiva relevância e complexidade social, tanto no passado como no presente. O objetivo deste artigo é elencar e propor novos olhares e perspectivas de pesquisa social em relação às festas, às religiosidades e a outras manifestações populares, problematizando-os e lançando nova luz sobre tais fenômenos. É possível promover recortes transversais e interdisciplinares de análise que possam resultar em abordagens diferenciadas do fenômeno festivo em suas continuidades e singularidades.Palavras-chave: Festa; Sociabilidade; Cultura popular.As considerações traçadas nesse artigo visam delinear reflexões teóricas que possam, de alguma forma, contribuir para que os estudos das festas e das religiosidades populares sejam empreendidos a partir de novas perspectivas analíticas e, de preferência, sejam estruturado através de perspectivas interdisciplinares, conjugando-se conhecimentos da história, da sociologia, da antropologia etc.Segundo a sociologia simmeliana, festa é uma "forma" capaz de plasmar conteúdos diversos, e destinada à promoção de laços de sociabilidade, mesmo que conflitantes. Assim compreendida a festa, tento em seguida estabelecer as conexões possíveis entre tal concepção do fenômeno e questões como urbanidade, diversidade, memória, identidades e conflitos. Ao fim, tento demonstrar brevemente, através da análise diacrônica e sincrônica das festas do Reinado/Congado em Divinópolis/MG, promovidas por minha pesquisa, como é possível aplicar tais referenciais teóricos no intuito de captar a complexidade das manifestações festivas como fenômenos sociais.