RESUMOEste artigo objetiva analisar os modos pelos quais a crítica literária em relação ao que é considerado por primeiro romance de cunho homossexual no Brasil, "Bom-crioulo" (1895, de Adolfo Caminha), se metamorfoseou ao longo dos anos. Em uma perspectiva patológico-biologizante de fins do século XIX, o romance foi considerado pela crítica como uma representação da degeneração homossexual e negra, tendo pela figura do personagem principal do romance a imagem da decadência social. No entanto, a partir da ascensão dos Estudos Culturais e da consolidação dos movimentos minoritários, na segunda metade do século XX, as análises passam a compreender novos vieses e interpretações para o romance, que consideram os paradoxos do Naturalismo do século XIX e entendem novas vozes de empoderamento, no próprio texto, em relação ao homossexual negro. Palavras-chaveHomossexualidade. Raça. Crítica. Bom-crioulo. Adolfo Caminha. AbstractThis article aims to analyze the ways in which literary criticism in relation to what is considered by the first homosexual novel in Brazil, "Bom-Crioulo" (1895, by Adolfo Caminha), has metamorphosed over the years. In a pathological-biologicalist perspective of the late nineteenth century, the novel was considered by critics as a representation of homosexual and black degeneration, with the figure of the main character of the novel the image of social decadence. However, from the rise of Cultural Studies and the consolidation of minority movements in the second half of the twentieth century, the analyzes begin to understand new biases and interpretations for the novel, which consider the paradoxes of Naturalism of the nineteenth century and understand new voices of empowerment, in the text itself, in relation to the black homosexual. • 165 •Bom-crioulo tratava de se agasalhar como qualquer mortal, o mais comodamente possível (Bom-crioulo -Adolfo Caminha)
RESUMO:O artigo abordará a relação do homossexual com o cárcere, partindo do modo pelo qual o heteronormativo se posicionou diante desse homossexual encarcerado. Tendo por base dois livros canô-nicos da literatura de testemunho dos sobreviventes da Segunda Guerra, que focalizam o preso político e o preso por motivos religiosos, É isto um homem?, do italiano Primo Levi e A espécie humana, do francês Robert Antelme, se analisará o posicionamento desses autores frente a homossexualidade observada por eles de longe, no campo de concentração-extermínio. Por sua vez, vêm à tona os testemunhos Antes que anoiteça, do escritor cubano e homossexual Reinaldo Arenas, e do francês homossexual Pierre Seel, Eu, Pierre Seel, deportado homossexual, ambos enviados a presídio e campo de concentração-extermínio. Se objetiva, portanto, analisar as diferentes abordagens do outro e do eu. Palavras-chave: Homossexualidade; cárcere; silêncio; testemunho; memória. Abstract:The paper approaches the homosexual relationship with its jail, starting by the way in which the heteronormativity stood before this incarcerated homosexual. Based on two canonical books of the testimony literature of the survivors of World War Two, which focus on the political prisoner and the prisoner for religious reasons, If this is a man, from the Italian Primo Levi, and The human race, by the French Robert Antelme, it analyzes the position of these authors against the homosexuality observed by them from the outside, in the concentration-extermination camp. On the other hand, comes out the testimonies Before night falls, by the Cuban and homosexual writer Reinaldo Arenas, and by the French homosexual Pierre Seel, I, Pierre Seel, deported homosexual, both sent to prison and concentration-extermination camp. The speech aims to analyze the different approaches of the other and of the self.
Este artigo objetiva analisar o modo pelo qual o escritor cubano Reinaldo Arenas (1943-1990) aborda, em seu testemunho Antes que anoiteça(2009 [1994]), a Aidsque atinge o homossexual. Deste modo, quer-se articular o testemunho como a narrativa do traumático, assim como vislumbrar as possibilidades teóricas de reflexão sobre a questão do “real” no texto da experiência-limite. Deve-se entender aqui a impossibilidade de a vítima dizer/compreender sua doença como parte da engrenagem de silenciamento promovida pelo algoz.
A maçã no escuro (1961) fala sobre Martim, em fuga por um crime cometido que o leitor desconhece. E que ao encontrar uma fazenda, vê a oportunidade de se esconder da polícia trabalhando para e se relacionando afetivamente com duas mulheres, Ermelinda e Vitória. No entanto, apesar da certeza do crime e da constante iminência de sua denúncia, o leitor vem tarde a ter conhecimento do que de fato ocorreu: é apenas ao fim do livro quando Vitória denuncia às autoridades que Martim é um criminoso em fuga que seu ato é revelado-confessado: o assassinato de sua esposa. No entanto, Martim é surpreendido pela notícia de que o crime não foi bem-sucedido e que sua mulher sobreviveu. A sobrevivência da suposta vítima colocaria em xeque o estatuto de crime do ato?, o esvaziaria?, e, portanto, desestabilizaria a lógica de fuga e culpa do assassino?, do assassino agora em potencial, do criminoso de um crime que não ocorreu até o fim, de um crime que portanto não haveria ocorrido? O criminoso de um crime não cometido ou, retomando o conto “O crime do professor de matemática” (1960), te matei porque eras a possibilidade constante do crime que eu nunca tinha cometido?
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