Apesar das mudanças na sociedade, o papel das mulheres permanece pouco alterado na agricultura familiar e na divisão sexual do trabalho, cabendo a elas funções avaliadas pelos homens como mais leves (domésticas, o cuidar dos idosos e das crianças) e quando exercem trabalho agrícola, esse é concebido como “ajuda” aos homens. Na agricultura familiar produtora de café na mesorregião Sul/Sudoeste de Minas, a situação não é muito diferente. No entanto, a partir da criação da COOPFAM (Cooperativa dos Agricultores Familiares de Poço Fundo e Região), que possui uma lógica diferenciada de valorização dos membros da família e voltada para o sistema de produção orgânica, a situação das mulheres começa a se modificar, a partir de certificação do comércio justo, que gerou a criação MOBI (Mulheres Organizadas Buscando Independência) e o “café feminino”. Esse trabalho se propôs a compreender o perfil das mulheres das propriedades rurais produtoras de café orgânico e cooperadas da COOPFAM, no município de Poço Fundo-MG. O acesso às decisões da cooperativa fez com que essas mulheres conhecessem seus direitos, buscando sua valorização também na unidade de produção familiar, embora a luta delas seja contínua.
O presente estudo acadêmico foi desenvolvido como requisito de aprovação na disciplina Cidades Médias, Redes Urbanas e os Espaços Regionais, como aluna especial. A disciplina foi mediada pelo professor Dr. Alexandre de Carvalho Andrade no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Alfenas no segundo semestre de 2019. Assim como a maioria dos municípios pertencentes ao Sul/ Sudoeste de Minas Gerais, Divisa Nova possui a sua história de formação territorial relacionada a questões rurais. O município originou-se a partir da doação de quarenta alqueires de terra em 1860, pelo capitão Silvério Luís de Figueiredo, formando assim, o povoado de São João da Boa Vista, em homenagem ao santo padroeiro local. Em 1923, o distrito teve o seu nome modificado para Divisa Nova, por possuir sua localização territorial entre duas fazendas. O distrito foi elevado à categoria de município em 1938 (IBGE, 2016).O município possui clima temperado, relevos acidentados, com grande destaque em produções e atividades agrícolas, principalmente em práticas ligadas a cafeicultura, atividade de grande importância socioeconômica no município.
Estudos de gênero na Geografia iniciaram-se, no Brasil, pós-década de 1970, a partir de análises de divisões de trabalhos por sexo, idade, e relações de poder familiar, passando a incluir também nessas discussões as mulheres no campo, até então eram marginalizadas. A partir daí a mulher passa a ser retratada como um ator social, detentora papéis produtivos e reprodutivos. É nesse contexto que esse estudo se propôs a analisar o papel das trabalhadoras sazonais na cafeicultura (“apanhadoras de café”) do município de Divisa Nova, na mesorregião Sul/Sudoeste de Minas Gerais. O objetivo principal foi analisar o papel de antigas e novas gerações dessas trabalhadoras, sobretudo no que se refere às conquistas trabalhistas, a participação delas na renda familiar e os motivos pelos quais as mais jovens estão trocando os cafezais pelos empregos urbanos. A partir daí, buscou-se apontar o possível futuro das apanhadoras de café do município.
De acordo com dados da Secretaria do Trabalho, entre 2013 e 2019, foram resgatados 361 apanhadores de café escravizados no Sul/Sudoeste de Minas. As principais medidas estabelecidas pelo Estado para enfrentar esse crime se baseiam apenas na inclusão dos nomes de escravizadores na lista suja do trabalho escravo e na obrigatoriedade de pagamentos de multas e demais débitos trabalhistas às vítimas. Nesse sentido, o presente artigo buscou evidenciar a dinâmica socioeconômica na cafeicultura da mesorregião Sul/Sudoeste de Minas, as incidências do trabalho escravo contemporâneo nesse setor empregatício na região e as principais medidas tomadas pelo Estado no combate a esse grave problema socioeconômico. Os resultados mostraram que existem muitos retrocessos, que contraditoriamente vem sendo implementados pelo próprio Estado, como o corte de verbas no Ministério de Trabalho, que prejudica diretamente a atuação de auditores fiscais e a Reforma Trabalhista sancionada em 2017, que alterou a Consolidação das Leis de Trabalho, banalizando o que a própria legislação brasileira determina como trabalho escravo.
PALAVRAS – CHAVE: geografia agrária; trabalho escravo; cafeicultura; Minas Gerais; agronegócio.
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