O ordenamento territorial pós-1960 na Amazônia erige uma nova organização espacial, com as empresas capitalistas como agentes hegemônicos, com destaque para a indústria pesqueira no Nordeste Paraense. A apropriação do território pelos novos agentes hegemônicos desterritorializou os agentes que realizavam uma apropriação comum do território: os pescadores artesanais. Essa desterritorialização implicou numa reterritorialização (modo de reprodução da pesca artesanal encontrado a partir da inserção da pesca industrial: uma territorialização precária) que se deu através: a) da especialização em pescar espécies que não interessam aos grandes atores; ou b) da conversão em força de trabalho para os novos agentes sociais. A natureza a ser (re)territorializada é, porém, tecnificada, no sentido em que já não pode ser apropriada ou concebida conforme a técnica e as práticas anteriores. Daí deriva a hipótese central de que a produção da nova organização espacial da pesca no Nordeste Paraense se dá simultaneamente com a territorialização “enquanto recurso” para alguns e reterritorialização “enquanto abrigo” para outros. Sob estes moldes, a reterritorialização da pesca artesanal é um momento da reprodução ampliada do capital, sob a forma de acumulação primitiva (acumulação por espoliação).
Esse texto constitui uma etapa da proposição do Laboratório Universidade, Técnica, Território e Espaço (LUTTE) para uma interpretação da produção do espaço geográfico a partir de categorias trabalhadas por Marx (2011) – subsunção e exterioridade – e desenvolvidas em detalhes ao largo dos Grundrisse, mas que não chegaram a ter um melhor desenvolvimento n’O capital. Neste primeiro momento, para compreender a origem da subsunção, faz-se necessário atentar para o momento em que o valor é posto pelo sistema do capital, a fim de não produzir falsas sinonímias entre subsunção e tipos de extração de mais-valia. Este debate aprofunda a proposição que vem sendo apresentada pelo LUTTE desde 2012, em eventos, mesas, debates, textos etc., mas que possui como obras de maior relevo até o momento o trabalho de Mota (2016), que apresenta as duas categorias como ferramentas para análise da nova teleologia do capitalismo, em que o valor relativo, transmutado em técnica, se apresenta como meio e fim do ser social, e a proposição de Soares (2021), que defende o uso desse par conceitual para a análise geográfica das formações sociais.
O ano de 2007 marca o início de uma profunda crise de acumulação no principal centro capitalista, os Estados Unidos, essa assume a forma inicial de dívidas hipotecárias e rapidamente se apresenta como a fragilização de títulos financeiros, como os subprime. É essa crise financeira que se espalha pelos centros capitalistas na Europa, nos anos que se seguem. Essa perspectiva nos permite traçar cenários para a Universidade e para a ciência geográfica.Palavras-chave: Universidade; Geografia; Política; Tensão.
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