A política externa do governo Jair Bolsonaro efetivamente praticada no primeiro ano de governo reflete uma disputa entre uma ala que preza por uma condução economicamente pragmática da Política Externa Brasileira (PEB), considerando os interesses econômicos e comerciais envolvidos, e uma “ala olavista”, de orientação ideológica conservadora. Neste artigo, lança-se mão do conceito de “Jogos de Dois Níveis”, de Robert Putnam, para analisar essa dinâmica. A tese defendida é que há uma tentativa de usar a Política Externa pela ala ideológica para dialogar com sua base eleitoral. Assim, serão analisados alguns dos principais eventos da PEB no período. Enfatiza-se a incoerência estrutural que surge da influência de ambas as alas e sistematiza-se os benefícios e prejuízos das posturas tomadas, contribuindo também para, com a literatura de análise da política externa, vislumbrar quais seriam os contornos, rupturas e continuidades da inserção internacional brasileira sob o governo Bolsonaro.
Abstract:Since the 1930s development strategies in Brazil have made reducing its dependence on imported energy one of their priorities. Efforts focused on hydro-electric power, ethanol and oil. Offshore oil exploration by the state oil company Petrobras began in the 1970s and resulted in energy independence by 2006. In the same year, however, unexpectedly large oil reserves were discovered in the so-called Pre-Salt levels, transforming the country into a potential major oil exporter. This new reality creates major challenges for Brazil. New legislation and new policies have been set up to use this opportunity to accelerate development. The discussion on how to make the best use of offshore oil resources is guided by a socalled neo-developmentalism approach, introduced during President Lula's second term. In practice this means a modest increase in state control with new regulations focused on local content. Special attention should be given to expanding research and development activities. Foreign capital and technology are welcome as long as they are willing to operate in the framework of a national development strategy. This paper will examine the main features and challenges of these new policies within the broader framework of the present discussion on neo-developmentalism in Brazil. Keywords: neo-developmentalism; local content; oil wealth; Brazil; Pre-Salt.Resumen: Brasil: Nuevo desarrollismo y la gestión de la riqueza petrolífera offshore Desde los años treinta del siglo pasado, las estrategias de desarrollo en Brasil se han propuesto como una de sus prioridades reducir su dependencia de la energía importada. Los esfuerzos se enfocaron en la energía hidroeléctrica, en el etanol y en el petróleo. Las prospecciones petrolíferas offshore llevadas a cabo por la petrolera estatal Petrobras empezaron en los años setenta y tuvieron como resultado la independencia energética en 2006. Sin embargo, ese mismo año, se descubrieron inesperadamente grandes reservas de petróleo en los niveles llamados pre-sal, que transformaron el país en un importante exportador potencial de petróleo. Esta nueva realidad supone retos importantes para Brasil. Se han puesto en marcha políticas nuevas y una legislación nueva para aprovechar esta oportunidad de acelerar el desarrollo. El debate sobre cómo hacer el mejor uso de los recursos petrolíferos offshore va guiado por un enfoque llamado neodesarrollismo, introducido durante la segunda legislatura del presidente Lula. En la práctica supone un aumento modesto del control estatal mediante nuevas regulaciones enfocadas en el contenido local. Se debe prestar especial atención a ampliar las investigaciones y las actividades de desarrollo. La tecnología y el capital extranje- ros son bien recibidos mientras estén dispuestos a operar en el marco de una estrategia de desarrollo nacional. Este artículo examinará las principales características y retos de estas políticas nuevas dentro del marco más amplio del presente debate sobre el neodesarrollismo en Brasil.
A partir do final da década de 2000, houve um fluxo de investimento expressivo de estatais chinesas do setor energético para o Brasil, em particular para os segmentos de petróleo e elétrico. Esses fluxos corresponderam a movimentos mais amplos, que transformaram a China de importador líquido em exportador líquido de capital. Este artigo analisa a dinâmica dessa presença no Brasil no contexto da busca por uma nova inserção internacional por parte do governo chinês e da atuação internacional das empresas envolvidas. Os investimentos no setor de petróleo refletem principalmente uma dinâmica anterior de resource-seeking que continua atual devido à alta dependência da matriz energética de fontes fósseis no geral e de importação de petróleo em específico. De outro lado, os investimentos das estatais do setor elétrico correspondem a uma estratégia de exportação de capitais e à conquista de mercados mais recentes, baseadas na liderança tecnológica.
Resumo O setor petrolífero tem uma vasta experiência com políticas de Conteúdo Local (CL), em particular na Noruega. No Brasil, essa política ganhou força nos governos Lula da Silva, mas começou a sofrer desgaste nos governos de Dilma Rousseff. A tentativa de repactuar aspectos dessa política em 2015 chegou tarde e, no governo Temer, sofreu um rebaixamento considerável. O objetivo deste artigo é entender a facilidade política e a rapidez com as quais o processo se deu, a partir de dois fatores. Primeiro, a tempestade perfeita que atingiu a Petrobras em meados de 2014 e em 2015, com uma forte queda de preço do petróleo e os impactos da Operação Lava Jato e outros fatores. Segundo, o desgaste ao qual a política de Conteúdo Local foi submetida, identificada como parte do problema, e não da solução, para o desenvolvimento brasileiro. A partir de uma análise das medidas governamentais e do posicionamento dos atores relevantes, percebe-se que a política de Conteúdo Local foi sacrificada no intuito atrair operadoras internacionais.
Esta pesquisa analisou o Brexit em uma perspectiva histórica, focando a conturbada relação entre a Europa continental e o Reino Unido ao longo do século XX, com ênfase no período pós Segunda Guerra Mundial. Foi utilizado o conceito de path dependency para argumentar sobre o papel de fatores históricos e decisões do passado, embora tomados em outras circunstâncias, ainda com força para influenciar o presente, para entender o Brexit. A premissa básica que será apresentada no ensaio é que o Reino Unido nunca participou de fato da ideia da Europa e sempre se viu como um país diferente por sua história e seu papel no mundo. Quando entrou, foi com uma perna só, a outra sempre ficou atrás, inclusive devido às especificidades de sua estrutura econômica herdada do passado, em particular no que diz respeito à agricultura. Desta forma, defende-se que, embora longe de ter sido inevitável, se tratou de um fenômeno limitado ao Reino Unido que tinha pouquíssima probabilidade de se repetir em outros países da União Europeia.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.