Este artigo trata da terceira embaixada do Reino de Onim ao Brasil (c. 1822/25). Enviada pelo rei Ajan, e chefiada pelo Tenente Coronel Manoel Alves Lima, esta embaixada foi a última missão diplomática de um monarca africano em solo brasileiro. Ela foi ainda a única das embaixadas africanas enviadas no século XIX que obteve permissão para completar a sua missão, seguindo para o Rio de Janeiro ao encontro do imperador D. Pedro I, a quem Manoel Alves Lima apresentou o reconhecimento da independência do Império em nome de Ajan e de outros soberanos do “Continente Negro”. À luz de uma documentação diplomática pouco difundida, portanto, ainda inédita, este artigo busca reconstruir a história desta embaixada, e, por meio desta adensar a compreensão do quadro histórico das relações africano-brasileiras.
Resumo Com a aprovação da Lei nº 581 de 4 de setembro de 1850, amplamente conhecida por Lei Eusébio de Queirós, o Governo Imperial passou a adotar diferentes meios no intuito de reprimir a ação dos traficantes de escravos no território nacional. Tema este que já há algum tempo vem sendo tratado com sucesso pela historiografia especializada nos anos finais do tráfico de africanos para o Brasil. Tomando um caminho um pouco diferente, este artigo se volta para os meios empregados pelo Governo Imperial no exterior para aquele mesmo fim. Nesse sentido, sua atenção recai sobre o serviço de inteligência desenvolvido pelos agentes consulares do Brasil em Portugal na década de 1850, no intuito de acompanhar e relatar às autoridades brasileiras os rastros dos traficantes de escravos retornados e foragidos para Portugal após o endurecimento das medidas anti-tráfico no Império.
With the approval of Law no. 581 of September 4, 1850, also known as the Eusébio de Queirós Law, the Imperial Government began to adopt different means to repress the action of slave dealers in the national territory. This subject has been successfully treated for some time now by specialized historiography on the final years of the traffic of Africans to Brazil. Taking a slightly different path, this article turns to the means employed by the Imperial Government abroad for that same purpose. In this sense, its attention falls on the intelligence service developed by Brazilian consular agents in Portugal in the 1850s, to follow the traces of slave dealers returned and fugitives to Portugal after the tightening of anti-slave trade measures in the Empire.
Resumo Este artigo aborda a temática da abolição do tráfico de escravos realizado no Atlântico Sul. Cumpre destacar que o estudo que aqui se apresenta não traz uma discussão a partir do enquadramento das relações diplomáticas anglo-brasileiras com a questão do tráfico de escravos, mas sim com base no condicionamento do relacionamento luso-brasileiro com esta questão em meados do século XIX.
Em seu Relatório de 1849, Paulino José Soares de Sousa, Ministro dos Negócios Estrangeiros do Império, proferiu os seguintes dizeres: “a questão do tráfico é inquestionavelmente uma das de maior transcendência, não só quanto as nossas relações internacionais, mas ainda quanto ao estado interno e futuro do país”. De fato, até meados do século XIX a questão do tráfico atlântico de escravos foi um dos principais pontos de pauta da diplomacia imperial. Este trabalho procura, pois, através do estudo dos Relatórios Ministeriais apresentados à Assembléia Geral Legislativa no decorrer das décadas de 1830, 40 e 50, explorar as variações sofridas pela diretriz atlântico-africana da política externa brasileira ao longo de um período marcado pela campanha internacional em prol da abolição do comércio de escravos pelo Atlântico. Como procuramos demonstrar no decorrer dos quatro capítulos que compõem o presente estudo, esta diretriz esteve diretamente relacionada ao destino do tráfico negreiro, a tal ponto que, uma vez encerrado o tráfico entre a África e o Brasil a mesma deixou de ser uma das prioridades da política externa brasileira.
Resumo: O presente artigo parte do pressuposto de que ao contrário da história das relações contemporâneas entre o Brasil e a África, a história das relações pretéritas entre as duas margens do Atlântico Sul não tem recebido a mesma atenção por parte dos investigadores brasileiros. Acredita-se aqui que tal descompasso investigativo seja fruto de uma visão histórica reducionista, por muito tempo predominante no meio acadêmico nacional, e, por conseguinte, da dificuldade sentida entre os próprios investigadores brasileiros de reunir fontes que lhes permitam recriar, observar e analisar o contexto das relações de longa data entre o Brasil e a África. Ainda assim, ressalta-se aqui que a partir de uma reorientação quanto às perspectivas de investigação é sim possível o desenvolvimento de novos estudos do entrosamento africanobrasileiro mais distante. Palavras-chave: historiografia brasileira; História das Relações Internacionais; relações Africano-Brasileiras.Abstract: This article begins by assuming that unlike the history of contemporary relations between Brazil and Africa, the history of the past relations between the two costs of South Atlantic has not received the same attention by Brazilian researchers. It is believed here that this discrepancy is a result of a reductionist historical view, prevalent for a long time in the national academic community, and therefore by the difficulty felt among the Brazilian researchers themselves to gather historical documents that allow them to re-create, observe and analyze the context of the past relation between Brazil and Africa. Still, it is also emphasized in this article that from a reorientation on the prospects of research the development of new studies on the African -Brazilian long term relationship is indeed possible. Keywords: Brazilian historiography; History of International Relations; African-Brazilian relations.
Palavras introdutóriasA historiografia brasileira especializada no assunto das relações internacionais já vem, há algum tempo, se dedicando ao estudo das relações do Brasil com a África.Entretanto, a leitura de algumas obras expressivas desta bibliografia revela uma clara tendência desta em se ater à análise de um passado mais recente do entrosamento africano-brasileiro, nomeadamente do processo que levou ao reconhecimento dos novos
<p>A partir do uso da correspondência das autoridades coloniais angolanas da primeira</p><p>metade da década de 1820, este artigo pretende examinar o impacto, em</p><p>Angola, da ruptura do Reino Unido de Portugal e Brasil. uma das causas de a</p><p>independência brasileira ter repercutido na África portuguesa se deve ao número e</p><p>ao grau de integração dos negociantes brasileiros junto à elite mercantil angolana.</p><p>Sem surpresa, até o final da querela luso-brasileira — oficialmente encerrada</p><p>com o Tratado de Aliança e Amizade, de 29 de agosto de 1825 —, o combate</p><p>ao chamado “partido brasileiro” constituiu a principal tarefa das autoridades</p><p>coloniais de Angola, no intuito de evitar um colapso ainda maior do complexo</p><p>atlântico do Império Ultramarino Português.</p><p><strong>Palavras-chave</strong>: Independência; Relações Brasil-Angola; Brasil Império;</p><p>Angola Colonial.</p>
Após a assinatura da Convenção de 1826 com a Grã-Bretanha, pela qual o governo de D. Pedro I concordou, em troca do reconhecimento britânico, coibir o tráfico transatlântico de africanos para o Império a partir de 1830, foram criadas representações consulares brasileiras na África Portuguesa com a explícita finalidade de proteger a atuação de negreiros brasileiros nos últimos anos de legalidade do comércio de escravos sob a bandeira imperial. Neste sentido, o presente artigo investiga a atuação de João Luiz Airoza, cônsul do Brasil em Moçambique, entre 1827 e 1828, na defesa do circuito negro entre o Brasil e a África Oriental. Para tanto, o texto aqui apresentado priorizou como fonte de estudo a documentação consular produzida por Airoza e dirigida à antiga Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros.
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