A neurossífilis foi importante causa de morte em décadas passadas por não existir tratamento eficiente. Com o advento da penicilinoterapia, a mortalidade decresceu progressivamente. Nos dias atuais pouco se fala em neurolues em clínica neuropsiquiátrica, embora persista a importância do assunto. Sendo pequeno o número de estudos epidemiológicos neste campo no Brasil 3 , há interesse na respectiva revisão.
Mello4 , em Curitiba, assinalou que de 1937 a 1939 a sífilis foi a causa de 278,5 dos óbitos por 100.000 habitantes, atingindo em maior proporção o sexo masculino e salientando estar havendo diminuição da mortalidade por sífilis. Costa 2 , no Rio de Janeiro, no período de 1930 a 1945, verificou que houve aumento durante a guerra, tanto no número de natimortos, como de neurolues e que, por grupo etário, a mortalidade é maior entre aqueles com mais de 60 anos. Donohue e Remein 3 , na área continental dos EUA, assinalaram que a malarioterapia diminuiu a mortalidade mas não a incidência da neurolues e que, com a penicilinoterapia, a mortalidade decresceu consideravelmente.
MATERIAL Ε MÉTODOS A coleta de informações foi efetuada no Serviço de Arquivo Médico e Estatístico do Hospital Juliano Moreira (Bahia), abrangendo período de 50 anos (1930 -1979). Foram revistos os livros de óbitos, o registro de entradas e os prontuários de pacientes diagnosticados como apresentando diversas formas clínicas de neurolues.Nesse período ocorreram 625 óbitos tendo como causa de morte afeções neurolué-ticas; destes, 567 eram do sexo masculino e 58 do sexo feminino. De tais prontuários, foram colhidos dados referentes ao sexo e ao diagnóstico. Com isso, estabeleceram-se coeficientes de mortalidade específica e analisou-se a distribuição da doença, segundo sexo e diagnóstico em relação ao ano, década e fases pré e pós-penicilinoterápica.O diagnóstico de sífilis no hospital era e é feito através dos exames clínicos neuropsíquicos, estudo do liquido cefalorraqueano e reações sorológicas para sífilis.