Este estudo teve por objetivo caracterizar os diferentes quadros de conectividade fluvial de uma bacia hidrográfica semiárida, na porção nordeste do planalto sedimentar do Araripe, sul do estado do Ceará. Os modelos propostos enfatizam as morfologias e ajustes em escala histórica, tendo como controles as coberturas superficiais herdadas, a dinâmica climática, a litologia, as transformações do uso da terra, assim como os processos hidrológicos intrínsecos à paisagem. Foi realizado o mapeamento de impedimentos fluviais, seguido de sua classificação, com base na distribuição entre os compartimentos de paisagem e os processos de ligação. Os tributários de primeira ordem do rio Salamanca surgem a partir do entrincheiramento de depósitos sedimentares na base da escarpa ou sobre os depósitos de tálus mais a jusante, resultando em diferentes configurações de preenchimento dos hollows e distintos cenários de evolução da paleoconectividade. Os trechos de vale em garganta, a jusante, propiciam o confinamento do fluxo, acelerando a conectividade, com predomínio da erosão vertical. O elemento de desconectividade de origem antropogênica mais expressivo na bacia do rio Salamanca é um canal artificial, parte do projeto de transposição das águas do rio São Francisco para microbacias do estado do Ceará. O canal adutor margeia o planalto sedimentar, modificando ou obstruindo o fluxo das drenagens de baixa ordem e obliterando o fluxo laminar entre as unidades de encosta e seus níveis de base. Na Depressão Periférica (Vale do Cariri), as morfologias fluviais alternam sequências de arroyos (trechos canalizados) e floodouts (trechos não-canalizados), controladas pela dinâmica de corte e preenchimento prevalente nas planícies aluviais. Dentre os controles ambientais atuantes nos cenários analisados, destacamse a litologia da bacia sedimentar, que se reflete na alta disponibilidade de sedimentos e distribuição espacial de planícies aluviais contínuas e descontínuas; a dinâmica de corte e preenchimento em associação ao regime hidrológico semiárido; e as mudanças de uso da terra, com substituições da pauta agrícola, expansão do espaço urbano e construção de estradas e obras hidráulicas de transposição de bacias.
Os estudos da cartografia geomorfológica envolvem problemáticas sobre escala e estruturação hierárquica, simbologia cartográfica, propostas metodológicas e fatores que influenciam na formação do relevo e que são relevantes na representação. Visto que não há uma metodologia única e padronizada para o mapeamento geomorfológico, emergem várias inquietações relacionadas a conteúdo do mapa, sua inteligibilidade, estrutura e simbologias empregadas. Assim, este trabalho tem como objetivo discutir questões de flexibilizações na cartografia geomorfológica analítica, apresentando como exemplo uma aplicação numa área subúmida dentro do semiárido brasileiro. Optou-se por aderir ao manual da UGI (União Geográfica Internacional). Foram mapeadas duas unidades morfoestruturais e dez unidades morfoesculturais. Ainda que este trabalho não siga todos os parâmetros descritos no manual, como cores e padrão hierárquico, é importante tê-lo como guia para universalizar algumas questões básicas do mapa geomorfológico.
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