O balanço bibliográfico que se segue é uma reflexão acerca da organização de títulos que tratam da estereoscopia. Menos do que uma tentativa de listar todos os títulos disponíveis em uma bibliografia completa, a presente reflexão quer mapear os tipos principais de publicação de interesse estereoscópico encontrados no curso de pesquisa de doutorado. Ademais, o presente balanço quer oferecer uma meditação sobre algumas das particularidades e incidências da bibliografia encontrada, de modo a oferecer ao pesquisador da estereoscopia um guia inicial para seus trabalhos. Este fato explicará a organização um tanto idiossincrática com que este balanço bibliográfico está desenhado. A literatura acerca da estereoscopia apresenta-se dispersa por várias áreas, além da história da fotografia. As publicações específicas à estereoscopia são relativamente pouco numerosas, particularmente no que se refere aos textos de natureza analítica. Freqüentemente, a estereoscopia é mencionada apenas de passagem, sem maiores considerações a respeito de seu desenvolvimento. Tal é o caso no contexto da bibliografia consolidada da história da fotografia onde figura, via de regra, como um curiosa mas passageira modalidade da atividade fotográfica. Da mesma forma, na história do cinema, a estereoscopia em geral aparece ao lado de outros "brinquedos ópticos", no contexto da "pré-história" cinematográfica. A presença da estereoscopia no Brasil é particularmente mal documentada.Na área mais ampla dos estudos da visualidade encontramos mais elementos para um acompanhamento cuidadoso do desenvolvimento dos processos dos quais a estereoscopia participou. Realizar pesquisa a partir de um instrumento só faz sentido se implicar redefinições em uma dada área, recolocando objetos e problemas importantes que vinham sendo ignorados ou preteridos, tendo como fruto o enriquecimento do conhecimento de processos que se cruzam no campo da visualidade. Assim sendo, valioso material acerca do assunto encontra-se
Um artista e a coleção Neste texto tento apresentar algumas breves reflexões acerca das conseqüências das aplicações digitais na organização e disponibilização de acervos a partir do ponto de vista parcial e específico do que Ricardo Mendes chamou de um "usuário especializado", no caso deste autor, um artista plástico. Espero que esta pequena contribuição enriqueça a ampla e rica discussão proposta. Procurarei apresentar breves reflexões sobre dois elementos desse debate mais amplo, que também envolve muitos outros atores e cenários. Tais elementos são o confronto com catálogos digitais no processo de pesquisa artística e a participação do artista na reflexão sobre a organização e criação de ferramentas de pesquisa para coleções.A pesquisa artística A pesquisa é parte do trabalho do artista. O uso do singular "artista" abrange a prática artística em sua enorme variedade. Não cabe aqui tentar uma definição do que constitui um artista, ou mesmo o que exatamente constitui a pesquisa artística, mas apenas sublinhar que a pesquisa é parte da prática artística. Nas palavras da curadora Sandy Naime 1 :Os artistas claramente desenvolvem uma forma de pesquisa em seu trabalho. Esta pesquisa pode se estender de investigações programáticas sobre a cor, forma ou materiais até a relação entre arte, filosofia e linguagem. Tal pesquisa era um dos eixos do projeto renascentista. Não obstante, a partir do Romantismo, com a separação geral entre as artes e as ciências e a promoção do culto do espírito criativo inspirado, a pesquisa artística tomou forma diferente (e tem uma finalidade diferente) da pesquisa científica. Talvez o que seja importante hoje é entender o porquê que os artistas trabalham nas diversas maneiras com que o fazem, e que questões estão a tentar responder através de seu trabalho (in PAYNE, 2000, p. 11. Tradução do autor).1. Apesar de ser uma questão premente e interessante, pouco parece ter sido escrito a respeito da pesquisa artística. Uma exceção é o livro de PAYNE, 2000. Essa publicação, em que a questão da pesquisa artística é discutida em relação ao ensino de arte nas escolas britânicas contemporâneas, poderá acrescentar ao debate no Brasil.
This article explores certain links between medicine and art, with regard to their use of stereoscopy. I highlight a work by the artist Marcel Duchamp (the ready-made Stéréoscopie a la Main) and stereoscopic cards used in ophthalmic medicine. Both instances involve the drawing of graphic marks over previously existing stereoscopic cards. This similarity between Stéréoscopie a la Main and stereoscopic cards is echoed in the form of "stereoscopic exercises." Stereoscopic exercises were prescribed by doctors to be performed with the stereoscope as early as 1864. Stereoscopic cards were widely diffused in the 19th century, often promoted as "stay-at-home travel." It was over such kinds of materials that both Marcel Duchamp and doctors of ophthalmic medicine drew their graphic marks. I explore Duchamp's Stéréoscopie a la Main as a hypothetical basis for stereoscopic exercises of different types, proposing that this rectified ready-made is the locus for erotic stereoscopic exercises. KEYWORDS: Art. Medicine. Duchamp. Stereoscope. Stéréoscopie a la Main. Ready-made.RESUMO: Este artigo busca explorar certos elos entre a medicina e a arte por meio da estereoscopia. Destaca-se uma obra do artista Marcel Duchamp (o ready-made Stéréoscopie a la Main) e cartões estereoscópicos usados na oftalmologia. As duas instâncias envolvem o desenho de marcas gráficas sobre cartões estereoscópicos pré-existentes. A similaridade entre Stéréoscopie a la Main e os ditos cartões ecoa também na forma dos exercícios estereoscópicos. O cartão estereoscópico foi amplamente difundido na segunda metade do séc. XIX, frequentemente na forma da "viagem sem sair de casa." Foi sobre esse tipo de material que tanto médicos quanto Marcel Duchamp desenharam suas marcas. Explora-se a obra Stéréoscopie a la Main como um sítio hipotético para uma espécie de exercício, propondo que tal ready-made retificado seja um lugar para exercícios estereoscópicos eróticos. PALAVRAS-CHAVE: Arte. Medicina. Duchamp. Estereoscopia. Stéréoscopie a la Main. Ready-made.
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