O presente artigo discute os mecanismos de controle e punição que perpassam uma lógica de investimento biopolítico na vida. Tal lógica engendra jogos de poder e discursos que marcam os corpos e as liberdades de determinadas populações. Parte-se de um estudo genealógico realizado a partir de materiais provenientes de grupos focais, com jovens em situação de prisão, e da análise dos comentários públicos de matérias jornalísticas do site G1 - Portal de notícias da Globo, relacionados ao campo penal. Os jovens do grupo focal denunciam jogos de saber-poder que os expõem a uma vida matável e desinvestida. O tensionamento dessas linhas interconectadas se tornam potentes para que se pensem novas possibilidades de atuação ética política. Ressalta-se assim a importância de pensar o campo penal para além do ato ou da pena, como um fenômeno isolado, para colocar em questão um problema social.
O presente trabalho busca entender como os discursos, que envolvem morte ou violência como solução, endossam a lógica da punição enquanto vingança, presente na relação sociedade/sistema prisional a fim de elucidar como se compõem os modos de perceber e falar os fenômenos de criminalização dessa população. Para tanto, parte-se de um estudo genealógico, por meio do projeto de extensão Observatório de Juventudes em Situação de Prisão, da instituição de ensino Centro Universitário Metodista do IPA, realizado na Cadeia Pública de Porto Alegre, junto à análise dos comentários do site G1 - Portal de notícias, da Globo, relacionados ao campo penal. Assim, delimitou-se três eixos de análise: Do Passado ao Presente: reatualizações do direito penal, Cristalização de uma Identidade: uma quebra necessária e Sociedade do Espetáculo, que juntos denunciam a produção da opinião pública, por meio do território digital da mídia, que identifica o criminoso como um problema social independente, criando o território da delinquência. Com isso, os jogos de força passam a incitar a disseminação de um sistema vingativo entendido como útil para a manutenção estatal de um sistema punitivista. A “espetacularização da morte” caracteriza assim uma delinquência que foi cristalizada permitindo o controle sobre a vida ao colocar tanto o sujeito da imagem, quanto o que a vê, em um papel passivo, repetindo circuitos e ressentindo. O crime opera como ação política de governo da vida, que necessita da crise para atuar gerindo a vida e a forma como nos relacionamos em sociedade.
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