As concessões de serviços de apoio à visitação em áreas protegidas têm a intenção de proporcionar uma experiência de melhor qualidade aos visitantes, contornando problemas como a escassez de recursos financeiros e tornando viável a conservação a longo prazo. Identificar e monitorar os impactos negativos decorrentes do uso público nas áreas protegidas, estejam elas sob concessão ou não, é essencial para assegurar a qualidade ambiental desejada. Esse tema é explicitamente presente em poucos editais de concessão de unidades de conservação federais brasileiras e, mesmo quando aparece, não há menção sobre oportunidades de envolvimento de visitantes ou da comunidade local no monitoramento. Considerando que essa atividade é geralmente realizada apenas por profissionais especializados, este artigo busca apresentar os potenciais benefícios e oportunidades da ciência cidadã para o monitoramento de impactos do uso público em unidades de conservação sob concessão. A literatura e os documentos oficiais evidenciam a importância da participação da sociedade na gestão da visitação, e o engajamento dos cidadãos no monitoramento dos impactos é um exemplo de como essa participação pode ocorrer. Iniciativas envolvendo ciência cidadã em áreas protegidas demonstram diversos aspectos positivos como, por exemplo, o maior interesse dos voluntários pelas questões ambientais, o aumento na quantidade de dados disponíveis e a otimização do tempo e dos recursos. Assim, consideramos promissora a ideia de adotar como diretriz para os contratos de concessão a incorporação da abordagem da ciência cidadã de forma estratégica no monitoramento dos impactos ambientais da visitação.
As áreas protegidas têm representado a estratégia central para conservação da biodiversidade, de acordo com os objetivos da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB). As metas de Aichi para a Conservação da Biodiversidade exigem, também, que sejam efetivamente gerenciadas. Apesar das pesquisas científicas mostrarem-se de extrema importância às áreas protegidas por serem capazes de auxiliar ações de manejo e tomadas de decisão, a lacuna entre pesquisa e prática continua a limitar o sucesso da conservação. Desenhamos uma propostametodológica, com base na adaptação do método de Cifuentes, Izurieta e Faria (2000), para auxiliar os gerentes das áreas protegidas na identificação de pontos deficientes na gestão de pesquisa. Testamos a proposta nos Parques Estaduais de São Paulo e discutimos suas implicações. Concluímos, com base no estudo de caso, que a proposta se mostra eficiente também na compreensão de como as pesquisas se desdobram em contribuições e direcionamentos ao gerenciamento das áreasprotegidas e flexível na medida em que possibilita a avaliação de diferentes estruturas de gestão de pesquisa.
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