Escrevendo sobre literatura, Machado de Assis discute alguns problemas de interesse para a investigação acerca das formas de representação literária num "país novo". O crítico abandona polêmicas e declarações ineficientes para analisar, por exemplo, as idéias estrangeiras importadas pelos intelectuais brasileiros do século XIX, as condições do meio literário e a função política do escritor.
A representação da realidade brasileira assume várias formas que misturam as narrativas com a subjetividade de cada autor. Para explorar a dialética entre texto e acontecimento em crônicas de jornal, este artigo esboça um panorama breve da crônica brasileira, destaca a relevância de Machado de Assis e registra uma análise inicial das crônicas de Arnaldo Jabor na Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo. A crônica de jornal moderna, gênero no qual Jabor é um nome importante, aposta em imagens com uma função de "psicanálise social. É uma re-elaboração da herança da "cultura de janela", deixada por João do Rio. Para os leitores, o efeito é a comunhão perfeita: qualquer pessoa pode se sentir "autor" da crônica. Afinal de contas, a perplexidade que o leitor não sabe expressar está lá, engraçada, irônica, analítica e conclusiva. Porém, isso não é o bastante para a formação de uma consciência nacional, porque o leitor não pode exercitar uma própria racionalidade, resultante do fundo trazido pelo texto. Somente Machado de Assis ofereceu para a crônica tal formação de leitores, com noção política, social e filosófica sobre a história da formação social brasileira. Além disso, o valor literário das colunas de Machado (Bons dias! e A Semana) reside na perspicácia da elaboração de um narrador, fornecendo uma unidade inexistente na crônica atual.
Esaú e Jacó e Memorial de Aires possuem matéria comum - vida de pessoas das relações do conselheiro Aires, suposto autor dos manuscritos de origem dos livros, bem como diversos fatos marcantes do final do século XIX- sob duas formas diferentes de registro: um romance e o diário do conselheiro, crônica pessoal. Este trabalho des venda algumas peripécias narrativas de Machado de Assis, especialmente no que diz respeito à retomada da tradição literária e à criação do autor/narrador Aires, cujo ócio é o principal aliado na escrita cuidadosa, no fundo, saída pensada do anonimato.
O presente trabalho comenta brevemente as características do cordel brasileiro e de que forma seus elementos se combinam com os elementos da cultura popular. Algumas considerações sobre cultura atuam de forma pertinente na discussão do lugar ocupado pela cultura popular no Brasil não somente junto ao público comum, mas também em face das problematizações acadêmicas. Há ainda rápida exposição a respeito das diferenças entre a literatura de cordel pioneira e contemporânea, o que nos ajuda no entendimento do processo de declínio atravessado por essa produção, por volta dos anos 1950/60 e de sua revitalização, já que segue sendo escrita e lida em diferentes partes do país. Ao contrário do que ocorreu em outros países, os folhetos brasileiros resistiram e resistem ao ostracismo.
Em 2017, após vencer pela segunda vez um linfoma de Hodgkin, Nanni Moretti rodou um curta-metragem protagonizando situações diferentes vestindo uma máscara para radioterapia. Partimos da natureza autobiográfica do curta e analisamos sua realização e divulgação no Instagram, levando em conta as relações com a filmografia do diretor, na qual Caro diário (1993) é o longa que assinala um momento importante e consagra o formato episódico, a confissão, a deambulação do protagonista em Roma e a reflexão sobre as manifestações do artista e do intelectual. Investigamos a ressignificação dessas bases no curta cujo protagonista é um homem sem rosto que parece não causar estranhamento em situações diferentes que compõem seis episódios. Exploramos pontos de diálogo entre os formatos tradicionais da imagem e as possibilidades atuais do imaginário por meio da naturalidade aparente, da relação com a memória, do exercício da profissão, da fragilidade do corpo, levados ao limite.
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