Esse artigo analisa a mise en scène no documentário Bicicletas de Nhanderú (2011). Buscamos nicialmente apontar para o papel dos sujeitos no processo de registro documental, de modo a atentar, tendo como base uma discussão já estabelecida na teoria documental, para o caráter intersubjetivo da cena. Em uma perspectiva ampla buscamos estabelecer um debate acerca da mise en scène no documentário e a sua importância do ponto de vista teórico e metodológico, relacionando análise fílmica e antropologia fílmica. Em seguida, partindo dos estudos de Claudine De France, analisamos a gestualística dos sujeitos representados tendo como base os dispositivos utilizados na mise en scène. Como conclusão, reiteramos a importância da dominância dos aspectos ritualísticos frente aos demais dispositivos, em uma mise en scène descritiva das relações entre os sujeitos sociais, a câmera e os significados tradicionais da cultura Mbyá.
Este artigo analisa o documentário Duas aldeias, uma caminhada - mokoi tekoá petei jeguatá (2008), realização do coletivo Mbyá Guarani de Cinema. Busca-se apontar para a importância do território indígena na estruturação do documentário como forma de relacionar os sujeitos envolvidos no processo de registro documental. Buscamos, dessa maneira, abordar as características da mise en scène no documentário, observando o caráter intersubjetivo da cena, presente na relação entre os comentários desenvolvidos pelos sujeitos indígenas nos espaços de registro.
Discussões iniciais sobre o Vídeo nas AldeiasQuando falamos em cinematografia indígena no Brasil, não há como não abordarmos o projeto Vídeo nas Aldeias (VNA). É quase certo que, para muitas pessoas, esse projeto possa ser encarado como sinônimo de cinema indí-gena ou de documentário indígena. Com mais de trinta anos de atividade, composto por um acervo de mais de 3.000 horas de imagens referentes a 40 povos indígenas no Brasil, o VNA apresenta-se, nos dias atuais, como um importante meio de acesso para a complexidade cultural dos povos indígenas no Brasil.O chamado cinema indígena tem um papel bem definido na complexidade das produções contemporâneas no Brasil. De diversas formas, e com diversas nuances, a definição indígena para o cinema envolveria diversos problemas. Em primeira instância a problemática das identidades no contemporâneo, como uma evidência as tensões presentes no âmbito da cultura e da comunicação de massa.Por assim dizer, a definição indígena para o cinema evidencia as formas de compreensão da dimensão significante para o cinema, diante daquilo que John B. Thompson 1 chamou de mediação, como a produção e circulação dos
O presente artigo trata das formas enunciativas no documentário Bicicletas de Nhanderu (2011), produção realizada pelo Coletivo Mbyá-Guarani de cinema. Inicialmente, buscamos situar as enunciações verbais no discurso mítico da comunidade, presentes nas narrativas de caráter tradicional, e a sua relação com protocolos audiovisuais desenvolvidos na instância imagética. O confronto entre essas duas dimensões elucida uma complexa relação entre as enunciações verbais, engendradas nos discursos narrativos, e a enunciação documental, decorrente das circunstâncias de apropriação dos recursos audiovisuais de produção pela comunidade indígena. Na última parte, atentamos para os desdobramentos e a problemática na representação dos sujeitos, operacionalizada pela linguagem tanto verbal quanto audiovisual das narrativas indígenas contemporânea.
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