Resumo: Este artigo analisa a presença e a dinâmica do trabalho indígena na antiga Capitania de Porto Seguro, entre os anos de 1763 e 1808. Apresenta o projeto de colonização reformista elaborado para a referida região, com destaque para o papel dos índios enquanto mão de obra fundamental para alavancar os empreendimentos coloniais. A partir do diálogo com várias correspondências realizadas entre autoridades régias, com relatos de cronistas e viajantes e com outros documentos administrativos, demonstra como o surto econômico experimentado no atual extremo sul da Bahia no fim do período colonial se estruturou em um campo de forças que colocava em embate as políticas indigenistas e as políticas indígenas. Palavras-chave: Porto Seguro; política indigenista; políticas indígenas; colonização reformista.Abstract: This article analyzes the presence and the dynamics of indigenous labor in the former Captaincy of Porto Seguro, between the years 1763 and 1808. It presents the design of reformist colonization prepared for that region, highlighting the role of the Indians as the fundamental labor force that leverage the colonial enterprises. Through a dialogue with various correspondences between royal authorities with reports of travelers and chroniclers, and other administrative documents, it demonstrates how the current economic boom, experienced in southern Bahia in the late colonial period was structured in a force field, which put in conflict the indigenous policies and indigenous policies. Keywords: Porto Seguro; Indian policy; Indigenous policies; reformist colonization.
Introdução 1Nos últimos anos, uma renovada historiografia sobre a América portuguesa tem destacado o importante papel da mão de obra indígena na construção e reprodução da estrutura produtiva colonial. Em geral, esses estudos revelam como a exploração do trabalho escravo indígena desempenhou papel-chave nos processos de acumulação interna, especialmente nos períodos em
Resumo: Este artigo apresenta uma inusitada experiência de índios que realizavam rituais mágico-curativos na antiga Capitania de Porto Seguro, entre a segunda metade do século XVIII e princípios do século XIX. Classificados como "bebedeiras", "batuques" e "supertições" pelas autoridades coloniais, estes rituais religiosos demonstravam a capacidade destas populações de afirmar, reinventar e se apropriar de códigos, signos e linguagens culturais num contexto de intensificação das políticas indigenistas assimilacionistas na América portuguesa. Com estratégias de resistências frente a proposta metropolitana de "reforma dos costumes", os índios conseguiram transmitir práticas e valores nativos, realizar intercâmbios culturais com outros grupos étnico-sociais e construir novos laços de sociabilidades que permitiram fortalecer a coesão do próprio grupo enquanto uma comunidade étnica distinta. Mesclando a tradição calunduzeira africana com os rituais indígenas de cura, as práticas espirituais nas vilas de índios porto-segurenses evidenciam a maleabilidade, a metamorfose e as reinvenções da cultura na sociedade colonial.
Palavras-chave: Intercâmbios culturais. Sociabilidades interétnica. Políticas indigenistas. Políticas indígenas. Capitania de Porto SeguroDrinking, parties and superstitions: spiritual practices and cultural exchanges in the Indian villages of Porto Seguro Abstract: This paper presents an unusual experience of Indians who performed magic-healing rituals in ancient Captaincy of Porto Seguro, between the second half of the eighteenth century and early nineteenth century. Classified as "drinking", "parties" and "superstitions" by the colonial authorities, these religious rituals demonstrated the ability of these populations to state, reinvent and appropriate codes, signs and cultural languages in the context of intensification of indigenous assimilation policies in Portuguese America . With front resistance strategies metropolitan proposed "reform of customs," the Indians have handed practices and native values, conduct cultural exchanges with other ethnic and social groups and build new sociability ties that enabled to strengthen the cohesion of the group itself as a community distinct ethnic. Merging the African calunduzeira tradition with indigenous healing rituals, spiritual practices in Porto Seguro Indian villages demonstrate the flexibility, the metamorphosis and the culture of reinvention in colonial society.
Resumo O artigo revisita o relato da Viagem ao Brasil (1815-1817) de Maximiliano de Wied na perspectiva de valorizar as contribuições dos registros da expedição do príncipe naturalista para a história natural, especialmente no levantamento da flora do atual extremo sul da Bahia. A abordagem perpassa a análise das características gerais da produção científica no campo da história natural e dos relatos de viagens do século XIX, bem como do perfil biobibliográfico do viajante. O objetivo central é demonstrar como se deu a relação do naturalista com as populações indígenas na produção do seu inventário florístico, destacando a importância dos saberes e fazeres dos índios para o trabalho do naturalista europeu.
O presente artigo apresenta algumas reflexões sobre os contatos interétnicos entre índios e não-índios nas vilas de índios da Capitania de Porto Seguro, entre os anos de 1758 e 1820. Partindo da identificação dos sujeitos não-indígenas, buscamos apresentar a idéia de que as vilas de índios se transformaram em um território multicultural, onde brancos, mulatos, pardos, negros e índios mantiveram vários contatos condicionados ao contexto geral do processo de conquista e colonização da América portuguesa. Ao mesmo tempo, estas relações possibilitaram uma reconfiguração identitária, uma vez que forjaram experiências de solidariedade, de resistência e de percepção da própria condição em que viviam os índios e os degredados.
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