O presente artigo dedica-se aos estudos de slams e saraus realizados na periferia da cidade de São Paulo. Em especial, serão destacadas as vozes das mulheres negras que se expressam nesses espaços. O objetivo desse estudo é analisar as linguagens poética, oral e corporal das performances que compõem as apresentações, assim como ressaltar nessas manifestações sua relevância cultural, além de mostrar a importância dos saraus e slams como meios de transformação social através da cultura e da arte marginal periférica.
Dois poemas longos (que têm em comum a encenação de duas execuções musicais) colocam em discussão aspectos teóricos da constituição da categoria “sujeito lírico” em sua relação com o conceito de “endereçamento”. A consideração da experiência poética como resistente à representação e voltada para o que Rancière pensou como “partilha do sensível”, leva, também à exploração das formas de estabelecimento de um ritmo por meio do qual cada um dos poemas presentifica as execuções referidas. Reportando-se a reflexões de Rogério Chociay sobre a complexidade dos suportes rítmicos em poesia, de Mary Ann Caws e Octavio Paz sobre poema longo e, finalmente, de Joëlle de Sermet (que recupera, por sua vez, Benveniste) a propósito daquelas duas categorias (sujeito lírico e endereçamento), o ensaio se volta, ainda, para o estabelecimento de uma subjetividade que se constitui pelo embate ou diálogo com alteridade(s), em eventuais projetos de constituição de comunidade(s), em uma posição política, ou de que derivam Políticas da escrita, nos termos propostos por Rancière, no livro com esse título. “Violões que choram...”, de Cruz e Sousa, organiza-se a partir de um jogo de ocultação/apresentação de uma voz. Centrando-se na exploração da construção do ritmo, sobretudo no âmbito macroestrutural da estrofação do poema e no modo como ela organiza pausas, suspensões ou fluxos, a análise abordou aspectos da complexidade da subjetividade constituível em poesia, na modernidade. Exploraram-se, ainda, reflexões de Caws a propósito de como um poema organiza ritmicamente a experiência da leitura. “Harpa esquisita”, de Pedro Kilkerry, é pensado a partir do mesmo aporte téorico, em abordagem convergente. Entende-se que a comparação tenha contribuído para evidenciar aspectos específicos de cada uma das composições, adensando a problematização das categorias teóricas em discussão. Uma decorrência indireta seria a contribuição para um redimensionamento histórico das poéticas usualmente referidas pelo recurso à categoria historiográfica “simbolismo”.
Resumo: Publicado em 2010, Uma viagem à Índia: melancolia contemporânea (um itinerário), de Gonçalo M. Tavares, é um poema narrativo, com 10 seções denominadas "cantos", que se organiza, entre outros aspectos, por analogias formais com Os Lusíadas, para mencionar apenas um dos livros com que dialoga. Além de cada canto da obra contemporânea conter o exato número de estâncias presentes no poema de Luís de Camões, discernem-se outras aproximações, em diversos níveis, o que parece permitir supor que o modo de produção de sentidos do poema mais recente possa ser entendido como relacional. O objetivo desta exposição é discutir o modo como se abre o poema contemporâneo, em cujo subtítulo delineia-se um itinerário, ancorado no termo "melancolia". Esboçam-se, ainda, alguns movimentos de análise da poética que acompanharia o projeto ficcional do livro, bem como das peculiaridades e das indefinições de gênero literário de Uma viagem à Índia (que dialoga com a tradição épica, com a tradição do poema narrativo dos séculos XIX e XX, bem como com produções romanescas como o Ulisses, de James Joyce). Como esse livro especificamente pode contribuir com redimensionamentos de tais tradições é questão não alheia à discussão. Palavras-chave: Gonçalo M. Tavares; poema narrativo; tradição épica; Camões
O ensaio explora a recorrência, entre poetas brasileiros, de textos que se reportam à prática do elogio fúnebre, ou que recuperam de modo mais ou menos explícito a espécie tombeau, em diálogo com poemas franceses do final do século XIX. Pressupondo, com Maulpoix, um caráter coletivo primário para o poema lírico (a raiz do lirismo assentando-se na celebração), analisa-se o discurso encomiástico (elevado, laudatório, endereçado) discernível nos poemas abordados como portador de algo que não se resolve na expressão de um “eu”, mas que parece indiciar uma operação coletiva de constituição de audiência, comunicação, contato, partilha. O poema, um gesto de interlocução, é dedicado, nesse sentido, a um poeta ilustre desaparecido, mas dedica-se, igualmente, ao estabelecimento de uma rede de afinidades e concepções de escrita que pressupõem a instauração de uma comunidade.
Em 1887, Eugène Crépet revela uma coleção de textos inéditos de Baudelaire. Na imprensa, muitos artigos permitem medir o lugar ocupado pelo poeta na França vinte anos após sua morte. Aclamado como o precursor do decadentismo e do simbolismo, Baudelaire permanece para seus detratores um poeta imoral, doentio e artificial.
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