A preservação do patrimônio cultural edificado pode exigir ações sobre ele, mais ou menos invasivas, as quais chamamos intervenções. Entende-se que toda intervenção em determinado bem edificado deva recorrer à sua memória arquitetônica, ou seja, à memória das suas transformações no tempo. Como suportes dessa memória, para além da própria edificação, estão os documentos relativos a ela. Analisando o acervo documental do Palácio Gustavo Capanema, bem tombado no âmbito do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, o presente artigo objetiva uma reflexão sobre o que se considera ser a última etapa do “itinerário” do documento dentro de um processo de intervenção no patrimônio cultural edificado: a sua guarda e disponibilização em um arquivo público. Metodologicamente, parte-se de uma discussão conceitual acerca das problemáticas recorrentes em arquivos de arquitetura, sendo posteriormente enquadradas as diretrizes do IPHAN para com a preservação dos registros documentais das intervenções no patrimônio cultural edificado. Como resultado permite-se, a partir do caso-referência, vislumbrar como as problemáticas colocadas se desdobram na prática da constituição de um acervo de documentos sobre determinado bem.
Durante o período ditatorial do Estado Novo brasileiro (1937-1945) diversas foram as intervenções urbanas na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Distrito Federal. Uma análise do impacto destas intervenções, que modificaram substancialmente o traçado e os rumos de expansão da cidade, é ainda pouco presente na historiografia, uma vez que estas não fazem parte da memória urbanística moderna da cidade. Esse apagamento, resultante da censura do período, entre outros aspectos, se reflete hoje também na ausência de informações sobre a população destituída dos seus lugares. O presente artigo aborda as transformações urbanas ocorridas no período e, a partir do recorte da religião, objetiva o mapeamento dos espaços de sociabilidade desaparecidos com a abertura da Avenida Presidente Vargas, uma das intervenções do período. Como metodologia, uma abordagem através da literatura sobre o Rio de Janeiro é complementada pela pesquisa em fontes primárias em busca de relatos que permitam situar tais informações no espaço urbano. O mapeamento revela a presença de espaços religiosos desaparecidos para além da fé católica com a abertura da Avenida e permite constituir uma base de dados passíveis de serem associados aos mapas históricos da cidade.
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