Desde a publicação, em 1958, do famoso artigo A Filosofia Moral Moderna de G. E. M. Anscombe estabeleceu-se uma espécie de consenso em torno da necessidade de as teorias ético-filosóficas contemporâneas ampliarem sua agenda de análise para além das noções de dever e obrigação. Esse movimento conduziu à redescoberta de concepções morais antigas ligadas à constituição de um caráter virtuoso e da conquista da felicidade ou bem-viver, especialmente a ética de Aristóteles e dos filósofos estoicos. Nesse artigo eu mostro que a filósofa e escritora britânica Iris Murdoch participou desse movimento de redescoberta da ética das virtudes antiga, localizando na filosofia de Platão, e não na filosofia de Aristóteles ou dos estoicos, um instrumento de crítica às teorias morais de seu tempo, uma crítica caracterizada pela substituição da noção tipicamente moderna da vontade racional do agente por noções profundamente vinculadas à filosofia platônica, como o “amor” e “atração” pelo Bem, entendidos como constituintes de um modelo de orientação moral objetiva. Diferente de Platão, no entanto, o Bem e seu poder de engajamento e atração, é explorado como uma fonte ético-metafísica com um significado psicológico muito particular. Ele é caracterizado, em termos da psicologia moral de base psicanalítica por ela adotada, como um olhar amoroso do outro e como um desejo de ver a realidade, entendido como um desejo pessoal de sermos justos e bons, o que dá um sabor psicológico-naturalista à sua reinvindicação da filosofia platônica.
resumo O objetivo central deste artigo é sustentar que as hipóteses céticas presentes na Primeira Meditação, especialmente a dúvida acerca das coisas materiais, devem ser entend idas como uma espécie de exe rc í c io me ntal proposto como ex p e d ie nte para fragilizar a c o n f iança nos sent idos e pre p a rar o leitor das M e d i t a ç õ e s p a ra a apre e nsão de verda de s acessíveis à luz da razão. Nesse sent ido, pre t e nde-se mo s t rar que a dúvida cética de s e mpenha, na economia das Meditações, uma função muito mais positiva, construtiva, do que p ro p r ia me nte negativa, de ins t a u ração do cetic i s mo filosófico acerca do mu ndo ex t e r io r, tal como ela tem sido freqüentemente representada nos debates epistemológicos contemporâneos. A estratégia que permitiu tal leitura consistiu em valorizar o aparecimento das dúvidas céticas no interior de um texto escrito em estilo meditativo e em destacar certos elementos das circunstâncias intelectuais que envolveram a revolução científica vivenciada por Descartes.palavras-chave Descartes; dúvidas céticas; ciência; ceticismo; epistemologia 1-As dúvidas céticas e a epistemologia contemporâneaO ceticismo filosófico quanto ao conhecimento do mundo exteri o r pode ser caracterizado através da tese de que ninguém sabe nada sobre o mundo físico ao seu re d o r, nem mesmo que ele existe (STRO U D, 1 9 8 4 , p. 1 ) . Em liv ros e artigos de epistemologia contemporânea, a análise dessa f o rma de ceticismo part e, em geral, das Meditações Metafísicas, tendo em vista o uso que Descartes fez, na P ri m e i ra Meditação, de dúvidas céticas 2 .
No abstract
Our goal in this paper is to discuss the notion of animal knowledge in Judgment and Agency. Our approach has two stages. First, we offer a positive contribution, attempting to show that there is room for the introduction of emotions into an animal knowledge approach and into Sosa's theory of competence. If we follow Sosa and conceive knowledge as a kind of action or successful performance, then emotions can contribute functionally for enhancing performance and are essential for the sharing of knowledge among social agents. Second, we offer criticism of Sosa's integrative project. It's not clear that reflective knowledge always improves animal knowledge; rather, in order to avoid regress, Sosa should recognize that we can have perfectly safe animal knowledge. Finally, we argue that reflective knowledge has a more marginal role than Sosa seems at first sight to suggest.mm
O debate filosófico sobre a raiva foi retomado pelas críticas de Nussbaum (2016) à emoção, e continuado por uma diversidade de filósofas que se contrapõem à tese de Nussbaum e defendem o papel político e moral da raiva, como Srinivasan (2017), Cherry (2020) e Silva (2020). Nele, há duas posições contraditórias que culminam em um dilema normativo: de um lado, a raiva é considerada moralmente problemática e politicamente contraprodutiva e, de outro lado, é defendida a moralidade da emoção e sua justificação. O presente artigo expõe esse debate e demonstra que as recentes teses de Cherry e Silva fornecem meios de superar esse dilema ao apresentar perspectivas plurais da raiva.
Nesse pequeno ensaio apresento, em primeiro lugar, um conjunto de considerações sobre o significado da extinção dos departamentos de ciências humanas nas universidades como (1) perda afetiva e (2) como perda simbólica do lugar das humanidades para a ideia mesma de universidade, particularmente em universidades comprometidas com formação humanista e integral. Apresento, em segundo lugar, os riscos envolvidos numa formação meramente técnica, um possível papel alternativo das humanidades com espaço de contradição e conflito frente à crise dos modelos de formação inclusiva, focada na cidadania, e, depois, critico essa imagem reducionista das humanidades que tem encontrado alguns defensores. As ciências humanas são, junto com as artes, espaços de ampliação de nossos poderes críticos, construtivos e imaginativos, com impacto tanto político, na vida democrática, quanto pessoal, na vida moral e na sabedoria. Ao abrir mão desses poderes, o resultado é um empobrecimento da experiência, das condições de autocompreensão de nossos próprios procedimentos. Nessa direção, minha sugestão de resposta ao alijamento das humanidades na formação superior é recolocar a pergunta pelo sentido mesmo da educação, do tipo de direcionamento que cabe dar à experiência humana em geral.
Emotions elicited by the threat of the coronavirus and social distancing measures are usually characterized in a negative way in the literature about the pandemic. This paper argues that this is not true for all emotions. Based on philosophical and empirical studies of loneliness, I contend that transient feelings of loneliness felt during the pandemic contribute to epistemically recognize what is significant or important to us in terms of social connection and fulfillment. Part of my argument depends on conceiving loneliness not only as an episodic “inner” emotion but rather as a pervasive emotion that involves psychic and bodily feelings, especially those related to how we apprehend the spatiality of the world. Finally, I also claim that the structure and content of loneliness help to explain why the pandemic should be seen as an epistemic transformative experience.
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