O propósito deste artigo é explorar algumas dimensões da dupla inserção de Álvaro Lins nos espaços sociais, marcados ora pelos princípios próprios aos circuitos intelectuais/literários, ora subordinados a ditames mais afeitos à lógica do político. Partindo do pressuposto de que se trata de um homem de letras que se formou num momento em que as distinções entre o espaço literário e político ainda estavam muito borradas, este artigo se debruça sobre alguns momentos da trajetória profissional de A. Lins que evidenciam o quanto essa bifrontalidade é definidora do tipo de crítico literário que ele foi. Tendo isso em vista, é dado algum destaque ao período em que ele circulou em Portugal – a partir dos anos 1940, com especial atenção para os anos 1950.
RESUMONeste artigo procuro argumentar em torno da feitura e, de maneira lateral, do modo como foram lidos os poemas de Manuel Bandeira que tomam o Recife por matéria poética (Evocação do Recife; Minha Terra; Recife). Pelo prisma da feitura, o que procuro demonstrar é que Bandeira partilhava de uma concepção de cultura que conferia elevado valor ético-estético às manifestações e formas tradicionais constitutivas da arte e cultura nacional. Daí sua fácil assimilação por parte de uma intelligentsia pernambucana, que, por sua vez, fixou uma leitura "regionalista" desses poemas, tornando-os exemplares de determinada concepção que situava num passado idealizado as referências de um modo de vida que estava a se perder.
ABSTRACTIn this article I discuss three Manuel Bandeira's poems about Recife (Evocação do Recife; Minha Terra; Recife) both under making view and the reading view. Through the prism of making view, I try to show that Bandeira shared a conception of culture that gave high ethical and aesthetic value to the traditional forms constitutive of the Brazilian art and culture. Hence their easy assimilation by a Pernambuco intelligentsia, which set a "regionalist" reading of these poems, turning them examples of a perception that placed in an idealized past references to a way of life that was to be lost.
Resultante de um percurso formativo bem peculiar que alia uma tardia formação escolar com esforços inauditos de estudos autodidatas, e sem ter contado com uma origem familiar que lhe legasse relações sociais ou políticas privilegiadas, ou mesmo recursos materiais, por mínimos que sejam – o que, em seu conjunto, permite falar de um outsider –, Orlando da Costa Ferreira marcou a história cultural do Recife e, em alguma medida, do Brasil. Isto se deve às obras que produziu e as iniciativas artístico-intelectuais com as quais se envolveu e para as quais deu valiosa contribuição. Neste breve ensaio, procuramos apresentar um pouco de seu percurso intelectual, bem como de sua atuação junto a iniciativas coletivas da vida cultural do Recife. Ao final do ensaio, a fim de discorrer com um pouco mais de propriedade sobre sua expertise de designer gráfico, apresentamos algumas de suas contribuições enquanto editor do Suplemento Literário do Jornal do Commercio e frente ao trabalho que desenvolveu junto à revista Estudos Universitários.
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