O texto discute as instabilidades políticas ocorridas em Pernambuco, província localizada na região norte do Brasil, no tempo da crise do Antigo Regime português. Em 1817, uma insurreição que se deu com muito derramamento de sangue e que foi motivada sobretudo pela cobrança excessiva de tributos, pela carestia e pela corrupção da corte portuguesa desafiou o monarca e instituiu uma república inspirada na revolução norte-americana, representando o primeiro traço de descolonização. Os novos ideários políticos de 1820 trouxeram uma cultura de liberdade que pôs em xeque a monarquia absoluta econduziria o Brasil ao rompimento com Portugal em 1822: uma vitória do grupo centralista que minou as expectativas autonomistas pernambucanas. O grupo centralista alinhou-se ao grupo do Rio de Janeiro, liderado por José Bonifácio, que pensou em uma independência com o poder centralizado em D. Pedro,enquanto o grupo de Gervásio Pires, formado por pessoas que lutaram em 1817, tinha pensamentos autonomistas, isto é, seguia o modelo federalista pensado em tal revolução.
Há duzentos anos, por ocasião da deflagração do movimento revolucionário no Norte da América portuguesa, que teve como epicentro a província de Pernambuco, durante alguns meses a autoridade real foi contestada, concorrendo para a fundação de uma república que alcançou outras províncias nortistas. No calor dos acontecimentos, vários panfletos foram publicados. Entre eles o “Preciso”, que procurou popularizar o movimento rebelde, além de justificar os motivos do rompimento com o rei português. Durante o processo revolucionário, utilizou-se a comunicação impressa ou de boca em boca.Ambas tornaram-se importantes veículos de difusão das propostas políticas que se opunham ao atual modelo respaldado no despotismo, na falta de liberdade e em outros valores que esmagavam os anseios e esperanças dos brasileiros.
Em 29 de agosto de 1821, várias lideranças políticas e econômicas pernambucanas instalaram na Vila de Goiana uma Junta Governativa Provisória com o objetivo de adequar a Província de Pernambuco aos princípios constitucionalistas portugueses em vigência após a Revolução do Porto de 1820. Os arranjos tecidos pelos liberais pernambucanos tiveram seu próprio sentido e pretendiam desbancar o governador régio General Luís do Rego Barreto, representante do absolutismo. Com a instalação da Junta de Goiana, Pernambuco passou a contar com dois governos: o do Recife, capitaneado pelo governador, que se restringia ao Recife e à Olinda e seus distritos, e o de Goiana, que se estendia às demais localidades. Esta decisão foi ratificada pela Convenção de Beberibe. Ao contrário da historiografia tradicional e ufanista, que vê estes eventos como uma antecipação de Pernambuco da Independência do Brasil, as fontes do artigo revelam que não havia naquele momento desejos de ruptura com o Reino Unido português, mas sim de adequar a província à nova organização política em curso em Portugal a partir de 1820.
Ancorado em fontes primárias provenientes de arquivos brasileiros e portugueses o artigo procura investigar os efeitos da Revolução do Porto (24/08/1820) em Pernambuco (Brasil) bem como a existência de uma rede de comunicação que foi capaz deixar as pessoas, principalmente os populares, a par das novidades. Mesmo proibidos de falar em coisas relativas a política conseguiram os brasileiros driblar as normas proibitivas e às escondidas conversavam, cantavam poemas de natureza política, afixavam pasquins contra o governo, escreviam cartas e pichavam os muros driblando dessa maneira as normas proibitivas. Durante muitos anos a historiografia nacional negou a participação de populares no processo de Independência. O artigo procura mostrar o contrário. Dada a existência de uma teia de comunicação puderam os populares tomar parte naquele processo político uma vez que falavam o que viam e ouviam nas ruas, portanto não se encontravam excluídos, tendo em vista que falavam.
Os homens, as ideias, os escritos e os projetos políticos noNorte da América portuguesa oitocentista.The men, the ideas, the whitten and political projects in Northern Abstract: This article aims to present a reflection on the movement of political ideas that were considered and discussed by an elite that wanted the breakup of northern Brazil with the Crown and establish a republic inspired by the American Revolution.In 1817 the rebellious instincts were severely repressed with arrests and loss of life.However, these ideals have surfaced in 1820 when the constitutionalism arising from the Porto Revolution put into question the values of absolute monarchy rekindling the debate about the autonomy of the provinces. These thoughts would conflict with the ideas that were being woven in Rio de Janeiro who sought to centralize power in
Resumo O artigo analisa o cenário da província de Pernambuco entre 1820 e 1822, observando o comportamento da população durante os acirramentos políticos ocorridos no período. decorrentes da revolução constitucionalista do Porto causaram espanto e falatório. Em 1820 e 1821 a luta dos liberais foi para afastar Luís do Rego Barreto do governo da província e implantar um governo de Junta Provisória, como havia ocorrido em Portugal durante a revolução. Em 1822 os embates deram-se entre a Junta e os dois principais Para as pessoas nascidas e criadas em uma sociedade de Antigo Regime, as novidades centros de poderes: o Rio de Janeiro, sede da regência, e Lisboa, sede das cortes. As matérias da imprensa sobre eles geravam boatos em vários locais e manifestações de rua. Dessas sublevações tomavam parte não apenas as elites, mas os populares e escravizados que marchavam gritando palavras de ordem e cantando versos de natureza política. Dessa maneira, demonstraram que as massas não estavam totalmente excluídas e que participavam do cenário político da época da Independência.
A pesquisa procura investigar a atuação de Antônio Gonçalves da Cruz (Cabugá), representante do governo revolucionário de 1817, nos Estados Unidos da América. A missão Cabugá não foi uma missão infrutífera como viu a historiografia tradicional, uma vez que conseguiu realizar acordos importantes. Seu trabalho possibilita abrir novas janelas para entender o movimento de 1817 sob a ótica da história diplomática
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