Este artigo pretende problematizar as abordagens vigentes sobre a gênese da medicina tropical no Brasil, pondo em cena atores, conceitos e práticas médicas do período oitocentista, geralmente percebidos como antagônicos ao processo de institucionalização desse campo disciplinar. É nosso objetivo rever a rígida demarcação entre dois períodos - pré-científico e científico - no desenvolvimento da cultura médica no período imperial.
Discute-se, aqui, a gênese do modelo de educação médica proposto por A. Flexner nos Estados Unidos, comparando-o com a proposta de aplicação do modelo universitário germânico à educação médica brasileira, na década de 1930, por Antonio da Silva Mello. Argumentamos que o núcleo das reformas médicas - que almejavam a introdução do ensino da biomedicina e a valorização da carreira científica - não dependia somente da perfeita compreensão, por parte dos dois reformadores, dos fundamentos do novo modelo. Cada retórica expressava um arranjo político no qual as expectativas de mudança no sistema educacional consolidado dependiam de sua estrutura de poder e das expectativas de carreira consagradas pela tradição.
A presença de uma forte tradição clínica na medicina oitocentista não constitui uma barreira estrutural ao ingresso das novidades produzidas no terreno da experimentação em laboratório, como afirmam alguns historiadores. O amplo debate em torno das regras do 'método experimental' revela uma dimensão da luta travada entre adeptos de teorias médicas rivais, num contexto em que a dissensão entre os esculápios ameaçava sua autoridade científica, frente a outras categorias de curadores.
Este artigo procura chamar atenção para a importância da história natural na produção do conhecimento médico a partir de fins do século XVIII e, ao mesmo tempo, elucidar a posição estratégica que, no século XIX, o Império brasileiro veio a ocupar no programa de pesquisa orientado pelo paradigma etiológico ambientalista, sob a égide da geografia médica. A análise do relatório da viagem realizada pelo médico francês Alphonse Rendu ao Brasil, entre 1844 e 1845, permite destacar uma fase característica daquele ramo da medicina acadêmica européia. Ao mesmo tempo, o artigo permite identificar uma segunda fase da geografia médica, inaugurada a partir da criação dos Archives de Médecine Navale, na década de 1860.
O tema da alienação mental ganhou relevo na segunda metade do século XIX no Rio de Janeiro, com a inauguração do Hospício Pedro II, um espaço hospitalar especial para o recolhimento e tratamento destes doentes. No entanto, como já demonstrou a bibliografia referente ao tema, a trajetória desta instituição e sua relação com a ideia de cura e/ou exclusão ainda suscita divergências. Sendo assim, neste artigo será desenvolvida uma discussão sobre os principais aspectos desta temática, apresentando o resultado de uma análise de fontes inéditas, reveladoras de novos aspectos do cotidiano desta instituição.
ResumoEste artigo propõe uma reflexão sobre o conflito entre o Sistema CEP/ Conep e os pesquisadores em Ciências Humanas e Sociais (CHS), que tem barrado o avanço das pesquisas em nossa área. Para atingir esse objetivo, proponho um itinerário que parte de uma avaliação sobre a organização do trabalho intelectual e a emergência dos instrumentos de regulação profissional no mundo contemporâneo. Em seguida, me aproximo dos arranjos próprios ao mundo acadêmico, com suas tensões, conflitos e acomodações, alcançando, por fim, o âmago da atual controvérsia.Palavras-chave: Bioética; Pesquisa Científica; Poder; Liberdade de Expressão THE HUBRIS BIOETHICS: TOWARDS AN EPISTEMOLOGICAL PO-LICE?
AbstractThis article proposes a reflection on the conflict between the system CEP/Conep and researchers in Humanities and Social Sciences, which has barred the progress of research in our area. To achieve this goal, I propose an itinerary that part of a review of the organization of intellectual work and the emergence of the professional regulatory instruments in the contemporary world. Then I approach own arrangements to the academic world, with its tensions, conflicts and accommodation, reaching, finally, the current controversy core.
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