Introdução: A placenta sucenturiada é uma anomalia que apresenta um ou mais lobos acessórios, os quais se desenvolvem nas membranas distantes da placenta principal, com conexões vasculares entre eles. A presença de um lobo acessório pode oferecer risco para gestante e feto, apresentando como maiores complicações retenção, sangramento durante o pós-parto, hemorragia, infecção e morte. Relato de caso: A.P.T.M., do sexo feminino, 35 anos de idade, G2PN1; ultrassom (US) morfológico do primeiro trimestre: feto único; 9,6 cm (CCN); batimentos cardíacos fetais presentes; TN:2cm; ducto normal; sem risco para trissomia; placentação anterior com lobo acessório em parede posterior (10 s+3 d). US morfológico do segundo trimestre: feto único; pélvico; placenta corporal anterior, apresentando lobo acessório em parede posterior; bifurcação de cordão, com vaso comunicando os dois lobos, desenvolvimento fetal adequado. Ecocardiograma fetal sem alterações. US do terceiro trimestre: longitudinal; cefálico; Doppler normal (27 s+3 d). Controle quinzenal de US e Doppler para avaliação do desenvolvimento fetal; com 32 s+3 d foi prescrito corticoide e feita a programação de parto. Realizou-se parto cesariana com 37 s+5 d; sem intercorrências com a mãe e o feto, com alterações placentárias e malformação de cordão umbilical. Conclusão: A morte perinatal é a causa mais frequente em anomalias de placenta, cordão e membranas fetais. Placentas anormais e únicas podem ter extensão variável de perfusão materno-fetal, podendo levar a trabalho de parto prematuro, restrição de crescimento intrauterino, sofrimento e morte fetal. Um artigo publicado no Jornal de Radiologia Brasileira caracteriza o lobo sucenturiado como uma variação anatômica, geralmente de dimensões menores e que apresenta maior risco de retenção. Ele é reconhecido pela ultrassonografia como uma massa de tecido placentário separada do lobo principal, ocorrendo em aproximadamente 5% das gestações. Tal achado relaciona-se a maior incidência de inserção velamentosa de cordão, vasa prévia e infarto placentário. Ademais, foi observado em determinado estudo que a incidência de lobos sucenturiados em gestações gemelares foi significativamente maior do que em gestações únicas. Os resultados sugerem que a incidência de placenta sucenturiada aumenta com o aumento da infecção pélvica, infertilidade e pré-eclâmpsia. Além disso, a frequência de idade materna maior ou igual a 35 anos e a história de uso de fertilização in vitro em pacientes complicadas por lobos sucenturiados da placenta foram significativamente maiores do que em pacientes controle. O diagnóstico e manejo de malformações placentárias é realizado por meio de US obstétrico. A precisão do diagnóstico pré-natal pode ser muito importante para o manejo e a resolução dessas gestações, e a imagem com Doppler colorida representa um instrumento útil para o diagnóstico correto do lobo sucenturiado e de anomalias vasculares relacionadas.
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