Psicologia UsP, São Paulo, abril/junho, 2010, 21(2), 457-478. Oficinas exPressivas: Uma inclUsãO de singUlaridades flávia Helena Passos Pádua maria de lima salum e morais resumo: Este artigo pretende fazer uma reflexão crítica sobre as atividades artísticas realizadas nos serviços de saúde mental e nos diversos espaços sociais. Inicialmente, contextualiza-se como a loucura tem sido percebida socialmente, como o trabalho tem sido visto na forma de tratamento moral e como a assistência psiquiátrica modificou-se no decorrer da história. A seguir, problematizam-se as formas ainda exclusoras de realizar oficinas terapêuticas apenas em serviços de saúde mental e unicamente com a participação de pessoas que possuem transtornos mentais. Questiona-se também a clínica tradicional e cronificante. Discute-se, ainda, a segregação daqueles que desviam da serialização de subjetividades impostas pela sociedade de controle. As atividades expressivas propõem a inclusão de múltiplas singularidades. Além disso, busca-se um acolhimento às diversas formas de linguagem, não apenas aquelas restritas ao verbal, e a circulação de afetos e de produções artísticas em diversos territórios comunitários. Breve Histórico Da Assistência PsiquiátricaDurante a Idade média, na Europa, as cidades expulsavam os loucos de seus muros. Segundo foucault (1995), "acontecia de alguns loucos serem chicoteados publicamente, e que no decorrer de uma espécie de jogo eles fossem a seguir perseguidos numa corrida simulada e escorraçados da cidade a bastonadas" (p. 11). geralmente, isso ocorria com estrangeiros, já que havia hospitais e leitos para os loucos moradores da região.Para que os insanos fossem embora das cidades, os marinheiros os levavam para portos distantes, para que lá fossem abandonados. Era essa a nau dos loucos, estranho barco simbólico em busca da razão, o qual assegurava que os insensatos permanecessem prisioneiros de sua própria partida (foucault, 1995). Assim, esses sujeitos eram rejeitados onde fossem e não tinham a possibilidade de vivenciar sua singularidade. no século xvII, os pobres, os vagabundos, os criminosos, as prostitutas, os doentes, os loucos eram enclausurados em asilos, o que foucault (1995) chamou de o "grande internamento" . nessa época, a loucura ainda estava separada do saber médico e a exclusão dos insanos estava ligada muito mais à ordem do que à doença. Segundo guerra (2004), nesse período, o asilo "era uma instância da ordem monárquica, de cunho social, inserida na política da assistência, substituindo a ação religiosa, não se constituindo, pois, num aparato médico, mas antes, num dispositivo social" (p. 26).
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