Na Idade Média, o marfim exercia grande fascínio devido à sua qualidade tátil, densidade e cor. Simbolicamente, sua brancura transcendente associava-o à pureza, à inocência e, também, ao ideal de beleza feminina. Por isso, essa matéria-prima foi empregada na elaboração de artigos de luxo. No medievo, o influxo do marfim de elefante africano esteve intimamente atrelado ao comércio com os mercadores suahilis. Nos séculos XIV e XV, o marfim foi empregado para a produção de objetos de uso pessoal, entre eles separadores de cabelo, caixas de espelho, pentes e caixas de marfim. As cenas esculpidas nesses objetos dialogavam com a cultura cortesã de uma ampla elite social. Neste artigo, interessa perceber como as caixas de espelho, pentes e caixas de marfim se configuraram como um código do desejo humano.
A crise das narrativas tradicionais (centradas em noções de autoria, estilo, escolas, periodização; nas hierarquias centro/periferia, artes maiores/artes menores; e na tríade Ocidente/Bizâncio/Islã) abriu novas perspectivas para os estudos da arte medieval. Entre elas, a “virada global” (global turn) que permite pensar as conexões, interdependências, trocas e mobilidades. O objetivo deste artigo é o de analisar como artefatos em marfim contribuíram para a constituição de uma cultura visual comum no Mediterrâneo entre os séculos X-XIII.
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