A despeito dos discursos de “igualdade de direitos” e de “impessoalidadedas leis” que intercalam a narrativa democrática brasileira, tradicionalmente, o exercício efetivo de uma cidadania urbana esteve vinculado a estritas noções de civilidade operadas em benefício de poucos e em detrimento de muitos. As periferias constituem um reflexo ambíguo desse processo. Ao mesmo tempo em que se apresentam como retratos das injustiças perpetradas contra os menos favorecidos, delas decorrem forças distintas (complementares ou excludentes) de contestação dessas injustiças, expressas na ressignificação do próprio sentido de exercício da cidadania, fazendo-a valer pelo uso da violência ou inscritas na apropriação e mobilização dos recursos políticos à disposição para subverter as lógicas de desigualdade em operação. Partindo do pressuposto de que os critérios de elucidação das categorias mobilizadas pelos distintos atores que integram a cena urbana brasileira informam a narrativa do ponto de vista daqueles que o ocupam o lugar de fala, neste artigo, articulamos conceitos da teoria sociológica dos conflitos em torno dos discursos dos “sujeitos periféricos” para refletirmos sobre as condições de exercício de uma cidadania citadina no Brasil.
O artigo é produto de um esforço de aproximação da noção de habitus para a compreensão de contextos e práticas situadas no âmbito da criminalidade urbana. Para além de ampla revisão bibliográfica, retomam-se no presente estudo dados de pesquisa etnográfica realizada entre os meses de abril e novembro de 2017 junto a vendedores, consumidores e usuários de drogas, em uma grota da cidade de Maceió (AL). O que se pretende com a mobilização das categorias, das falas e das observações selecionadas é propor uma categoria analítica aqui denominada como habitus criminoso. Acredita-se que esta categoria reserva potencialidade para contribuir com o debate e o entendimento de aspectos da formação da conduta criminosa e do ingresso nas carreiras da ilegalidade.
Um dos objetos de estudo mais profícuos do campo da “geografia do crime” é o fenômeno da mobilidade criminal. Este objeto remonta a uma longa linhagem de estudos que correlacionam a disposição de contextos de oportunidade à manifestação de padrões espaciais da criminalidade. O eixo condutor deste extenso programa de pesquisa é a premissa de que a forma como o espaço é concebido, estruturado e ocupado propicia a ocorrência de determinadas práticas criminosas. O objetivo deste artigo é estabelecer as referências para um melhor entendimento do fenômeno da mobilidade criminal. Trata-se de uma extensa revisão de literatura, que busca sintetizar o estado da arte da área, ou seja, mapear como a literatura clássica e a mais recente, em nível global e local, tratam o tema. O que se pretende é oferecer uma ampla compreensão do processo de reconhecimento do fenômeno, de consolidação dos marcos conceituais e dos avanços teóricos e práticos, sobretudo no que diz respeito às implicações na condução de operações policiais com foco geográfico.
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