RESUMO: O artigo analisa as relações entre história e ciências sociais, investigando os embates e as reciprocidades conceituais e institucionais entre ambas, ao longo de mais de um século. Trata-se de esboçar um debate que encontra seu ápice de tensão na antropologia estruturalista que, tendo Lévi-Strauss à frente, retoma os confrontos entre a história metódica e a sociologia durkheimiana, cujos desdobramentos atravessaram os combates pela história dos "primeiros Annales". Nas últimas décadas, a aproximação entre história e antropologia atualizou o debate, culminando nas atuais reflexões sobre a identidade do ofício do historiador diante da abertura da história em relação às demais ciências humanas, tanto na tradição de uma "história total" quanto nas recentes abordagens microanalíticas. As relações da história com as ciências sociais remontam ao momento em que ambas passaram a disputar posições no interior do establishment acadêmico por meio de embates conceituais que visavam a definir um estatuto de cientificidade para o conjunto de sua produção. Os termos dos debates iniciados há mais de um século marcaram profundamente os rumos tomados pelas duas disciplinas, fazendo-as oscilar entre movimentos de aproximação e distanciamento, confrontação e reciprocidade. Conceitos como evento e estrutura, sincronia e diacronia, ruptura e continuidade, narrativa e interpretação fundamentaram epistemologicamente as relações entre história e
Resumo: As avaliações sobre o funcionamento e o desempenho da Justiça do Trabalho no período de 1945-1964 têm sido fortemente marcadas por uma memória da esquerda que localiza teleologicamente no golpe civil-militar de 1964 o ponto de desenlace que ordenaria toda a história da instituição e, sobretudo, a relação dos trabalhadores com as cortes. A opção do movimento sindical nacionalista, hegemonizado pela esquerda, em atuar no campo institucional para lutar por direitos, teria obscurecido o fato de a Justiça do Trabalho ser uma "Justiça de Classe" a serviço dos patrões e dos projetos de dominação do estado. Essa memória foi, quase sem mediações, transformada em explicação história. Neste artigo, busco lidar com essa memória a partir da articulação do movimento operário urbano com os trabalhadores rurais em São Paulo em um momento de profundas mudanças nas relações de trabalho no campo. Para isso, foi fundamental a ação sindical na Justiça do Trabalho, alterando de forma significativa antigas noções de dádivas e favores. Palavras-chave: Justiça do Trabalho; Trabalhadores Rurais; Memória; Golpe de 1964; São Paulo. Abstract:Evaluations of the functioning and performance of the Labor Courts in the 1945-1964 period have been heavily influenced by a memory of the Left that locates teleologically in the civilian-military coup d'état the outcome that is said to have dominated the whole history of the institution and, above all, the relation of workers with the Labor Courts. The option of the nationalist trade union movement, under the hegemony of the Left, to act within the institutional sphere in order to struggle for rights is said to have obscured the fact that the Labor Justice system was "class justice" in the service of the bosses and the State's projects of domination. This memory, almost without mediations, was transformed into historical explanation. The article seeks to deal with this memory by examining the articulation of the urban labor movement with rural workers in the state of São Paulo at a moment of profound change in labor relations in the countryside. In order to do so, the study focuses on trade union action in the Labor Courts, which significantly altered former notions of gifts and favors in rural areas.
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