Neste ensaio, pretende-se problematizar as formas pelas quais a chamada "carestia de vida" era analisada na sociologia e na estatística das décadas de 1950 e 1960, contrastando-as com as representações formuladas por Carolina Maria de Jesus no romance Pedaços da fome. Entendendo a obra a partir de seu contexto de produção, cremos ser possível analisá-la também a partir da elaboração de uma crítica a um pensamento social que apagava as discussões raciais sobre a pobreza. Assim, a protagonista do romance, Maria Clara, seria uma chave de leitura formulada pela própria autora para compreender a fome e a miséria na São Paulo da época.
O presente artigo propõe um diálogo entre a obra do historiador marxista E.P. Thompson e da filósofa e militante negra americana, Angela Davis. Trata-se de um esforço preliminar que, não obstante as dificuldades em criar canais de diálogos entre obras tão distintas, propõe discutir categorias como experiência, relações sociais, exploração, opressão e alienação a partir de debates fundamentados em textos de autores ligados tanto a Davis quanto a Thompson. Dessa forma, espera-se com isso contribuir para um debate mais amplo sobre os ganhos que a História Social do Trabalho pode ter a partir de um olhar mais sensível para as diferentes relações sociais de dominação e resistência no capitalismo.
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;">http://dx.doi.org/10.5007/1984-9222.2010v2n3p236</p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify; margin: 0cm 0cm 0pt;"><span style="font-family: Times New Roman; font-size: small;">O presente artigo visa discutir as greves de abril de 1945 sob a seguinte perspectiva: diante da intensa repressão ao movimento operário ao longo dos anos do Estado Novo e da constante vigília sindical correspondente à legislação trabalhista do período, quais foram as formas específicas de luta que permitiram aos operários porto-alegrenses se rearticular na organização dessas greves? Tal questionamento visa elucidar algumas condições do movimento, especialmente retomando as experiências com que os agentes se defrontaram nos últimos anos do regime de Vargas, concomitantes com a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial.</span></p>
Resenha de livro: KOUTSOUKOS, Sandra Sofia Machado. Zoológicos humanos: gente em exibição na era do imperialismo. Campinas: Ed. Unicamp, 2021.
Resumo: A partir das obras Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960) e Diário de Bitita (1986), de Carolina Maria de Jesus, este artigo propõe uma leitura preliminar da categoria trabalho e seu duplo, trabalhador, tendo como pressuposto as relações entre literatura e sociedade (CANDIDO, 2006). Para tanto, entende-se a posição da escritora e sua autorrepresentação (DALCASTAGNÈ, 2007) como interseccional (DAVIS, 2016): mulher, negra e pobre; e parte de três eixos de análise: a representação do outro como trabalhador; a representação de si como trabalhadora; e a representação/formalização de si em relação à escrita. A hipótese explorada neste texto é que a categoria trabalho/trabalhador constitui dialeticamente as narrativas carolineanas, seja no conteúdo, seja na forma. Por este percurso, por sua vez, foi possível constatar que a ambiguidade com que o trabalho é tratado revela um movimento de síntese em torno de um projeto literário de Carolina Maria de Jesus, que tem como elemento central justamente pensar e representar o mundo do trabalho a partir de uma reflexão sobre si.Palavras-chave: literatura brasileira; trabalho; Carolina Maria de Jesus.Abstract: Departing from the literary pieces Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960) and Diário de Bitita (1986), both written by Carolina Maria de Jesus, this paper proposes a preliminary reading of the labor category and its counterpart, the laborer, having as a backdrop the relationship between literature and society. For that matter, we take the writer’s position and her (DAVIS, 2016) self-representation (DALCASTAGNÈ, 2007) to be intersectional: a black and poor woman and part of a tripartite analytical axis - the representation of the other as working men and women; the self-representation as a working woman; and the representation/formalization of herself towards the act of writing. The hypothesis explored here is that the category of labor/laborer constitutes, in a dialectical way, Carolinean narratives, both in substance and in literary form. Following this idea, it was possible to conclude that the ambiguity in which labor is treated reveals a movement of synthesis around the literary project of Carolina Maria Jesus, whose central element is the thought and the representation of the labor world as a result of thinking about herself.Keywords: Brazilian literature; labor; Carolina Maria de Jesus.
O presente artigo procura situar a entrada da carne de baleia no mercado brasileiro entre 1960 e 1963. Inicialmente favorecida pela ideia de “novidade”, o produto rapidamente caiu no “desgosto popular” e se tornou símbolo da carestia e da escassez de alimentos no período. Assim, a partir de interpretações relacionando História Social e Antropologia do Consumo, o que pretende se mostrar aqui é que as explicações para a rejeição da carne de baleia como forma complementar da dieta das classes populares devem partir dos sistemas de valores dos sujeitos, relativizando dessa forma as posições de economistas marginalistas ou de nutricionistas do período.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.