Resumo:Este artigo reflete sobre a importância de analisar as interações professor-aluno como parte da profissionalidade do professor, projetando sua capacidade de pilotar um projeto de ensino predeterminado (BRONCKART, 2006). Em outras palavras, que pode, durante o curso de seu agir, ser modificado pelas possibilidades de coconstrução do conhecimento em sala de aula. Para mostrar este movimento, o artigo traz exemplos de interações de uma das professoras participantes de projeto de formação continuada cooperativa. Ao ressignificar o conceito de linguagem nas práticas de interação com os alunos, enfim, em seu trabalho real/concretizado (GUIMARÃES et al., 2012), ela revela uma articulação entre o que aprendeu no decorrer da formação e sua prática profissional, notada sobretudo na constante prática do revozeamento (O'CONNOR;MICHAELS, 1996). Ressalta-se, então, a necessidade de formações que repensem o ensino de Língua Portuguesa em um processo que enfatiza a importância das interações professor-alunos. Palavras-chave: Língua materna. Ensino. Interação. Agir docente. . Práticas de linguagem em sala de aula como reveladoras de mudanças na profissionalidade docente. Linguagem em (Dis)curso -LemD, Tubarão, SC, v. 18, n. 2, p. 359-373, maio/ago. 2018. Página371Dessa forma, refletir sobre as práticas interacionais em sala de aula reforçou a premissa de que a proposição de novas formações continuadas de professores, feitas à semelhança da que acompanhamos, é a chave para o aperfeiçoamento docente. Em suma, é caminho mais eficaz para instrumentalizá-los, no sentido vygostkiano do termo, fazendo com que consigam conduzir seus projetos de ensino dentro de propostas renovadoras.
Na Retórica aristotélica e nos estudos da Nova Retórica, de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014), o objetivo da argumentação era a adesão dos espíritos: o orador deveria, junto ao seu auditório, buscar o consenso. Na sociedade atual, no entanto, essa intenção dá espaço ao cultivo da polêmica, caracterizando o que Amossy (2017a; 2017b) denomina de retórica do dissenso. Para apresentar sua opinião, algumas pessoas recorrem a argumentos ad hominem, atacando a pessoa do seu adversário, e não seus argumentos (FIORIN, 2015). Diante disso, este artigo analisa a polêmica instaurada durante a greve dos professores estaduais gaúchos, em 2017. Procuramos estudar como leitores-comentaristas do Portal G1 RS construíram seus discursos, por meio de argumentos ad hominem, e ainda apontar possíveis representações que esses leitores tinham dos professores grevistas. Dos 44 comentários coletados, 15 apresentam argumentos ad hominem. Destes, 3 foram analisados neste artigo. A análise foi organizada em duas partes: (1) análise dos comentários com base na definição do discurso polêmico (AMOSSY, 2017b); (2) categorização dos 15 comentários, para expressar a representação que os leitores tinham dos professores grevistas. Os resultados apontam que o ataque à pessoa dos professores pode ser enquadrado em duas perspectivas: (1) parte dos leitores atribuem aos docentes o papel de militantes, principalmente de esquerda; (2) a outra parte entende que os professores têm comportamentos inadequados. Em suma, percebeu-se que os comentários, num discurso de dissenso, levantaram uma série de acusações para deslegitimar as reivindicações do magistério gaúcho.
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