o de ratione Studii (ou Plano de eStudoS), dE Erasmo dE rottErdam Fabrina Magalhães PintoUniversidade Federal Fluminense (UFF)Resumo. Este artigo investiga alguns dos princípios fundamentais da renovação pedagógica proposta pelo humanista holandês Erasmo de Rotterdam, sobretudo a partir da publicação, em 1511, do De ratione studii, um dos principais textos da Renascença a sintetizar os ideais humanistas, que por muito tempo influenciou a composição de diversos manuais educacionais. Premissas como a valorização da sapientia dos Antigos, o postulado da variatio e a liberdade criativa do aluno são questões fundamentais que perpassam a totalidade dos textos erasmianos dedicados à educação.Palavras-chave. Erasmo, humanismo, educação, retórica, filosofia, cristianismo.A influência do humanista holandês Erasmo de Rotterdam foi determinante e quase incalculável para a difusão de uma nova concepção educacional por diversos países transalpinos ainda no século xvi, destacando sempre, em muitas das suas obras, o valor da formação nas bonae litterae em oposição às limitações da educação escolástica. Crítico do sistema educacional de sua época, ele elabora, em um período em que o modelo curricular não estava fechado acerca dos objetivos mais adequados à educação e da melhor forma de alcançá-los, um esboço de seus métodos intitulado De ratione studii (Plano de estudos ou Método para estudar 1 ), publicado em 1511. erasmo dedica esta obra a Pierre viterius, professor das artes liberais em Paris, para atender aos interesses dos alunos aos quais ele ensina. Segundo ele:tu me pedes que eu te prescreva um plano de estudos e um método que tu seguirás como o fio de teseu para te encontrares nos labirintos dos autores. E no que me concerne, é de muito bom grado atender a um amigo tão caro […] de cujo pedido tão nobre pode-se esperar tantos frutos. 30FABRiNA MAGALHãES PiNto este pequeno esboço de um currículo modelo, baseado em sua experiência pedagógica adquirida durante os anos em que foi professor em Paris, foi, segundo Skinner (1999, 41-100), um dos primeiros a sintetizar os ideais humanistas, tendo influenciado por muito tempo diversos outros manuais, como o de Juan Luis vives, De tradendis disciplinis, de 1531, o de Sir thomas elyot, the Book named the Governor (O Livro chamado O Governante), também publicado em 1531, o tratado de roger ascham, the Schoolmaster (O mestre-escola), publicado pela primeira vez em 1570, entre outros escritos realizados ao longo dos séculos xvi, xvii e xviii. Um primeiro fato que nos chama a atenção nesta obra, além da sua grande repercussão nas escolas e universidades europeias, é a defesa dos antigos. Para erasmo, as conquistas dos pagãos, principalmente sua descoberta e usos da ars rhetorica, fazem parte de um plano divino. Segundo ele, as maravilhas do mundo, a descoberta do sistema de saber, assim como tudo que foi "brilhantemente dito e diligentemente transmitido", foi dado aos pagãos pela Providência divina para que se desenvolvessem sob os poderes de sua razão, fornecendo importantes subsídi...
Leonardo Bruni (1370-1444), chanceler e historiador, é autor de um dos principais elogios da cidade de Florença deste período. Ao escrever a Laudatio florentinae urbis (1403-1404), o humanista descreve Florença e seu governo como uma cidade bem ordenada, bela, salubre, livre e participativa. O artigo analisa este texto não apenas como peça retórica, mas ressalta os ideais republicanos de liberdade, autogoverno e cidadania. De um ponto de vista institucional, a Laudatio oferece as bases do governo misto, que se tornaria um aspecto central do republicanismo renascentista. Dos antigos, Bruni retira a ideia de divisão dos poderes a partir da clássica tríade monarquia, aristocracia e democracia, com a separação de funções em cada uma destas formas puras. Bruni ressalta que ambos os aspectos da Antiguidade podem ser encontrados nas instituições florentinas de seu tempo, de tal modo que ele observa no fato histórico a realização de uma teoria política antiga, complementando, pois, a idealização da cidade.
Significados de RenascimentoDuas obras primas podem representar magistralmente o Renascimento: O Nascimento de Vênus de Sandro Boticelli, hoje na Galeria degli Uffizi, em Florença, e A escola de Atenas de Rafael, no Vaticano.No Nascimento de Vênus, com a imagem da deusa surgindo das águas do mar de Chipre, temos a ideia de nascimento e, ao mesmo tempo, de renascimento no século XV dessa temática clássica. O quadro é de cerca de 1480, uma recriação da Afrodite anadyomene inspirada num modelo perdido do grande pintor grego Apeles. Boticelli recria essa imagem tendo também como referência a escultura da Vênus de Médici, que certamente conhecia e que se encontra na mesma pose. Na verdade, foi o famoso Vasari que atribuiu esse título à obra de Boticelli e que a vincula a uma encomenda dos Médici. O simbolismo, contudo, parece evidente: a imagem da divindade nascendo e a evocação dessas obras da Antiguidade trazem exatamente um retorno aos padrões e temáticas da cultura clássica grega como inspiração para a arte e o pensamento desse período. Se nos perguntarmos, portanto, o que 1 Sandro Boticelli, O nascimento da Vênus. Imagem disponível em:
No abstract
O artigo argumenta que a historiografia humanista e renascentista sobre as origens de Florença produziu, paulatinamente, rupturas com a visão medieval da fundação da cidade pelo Império Romano. Com Salutati, há a primeira declarada defesa da fundação pela República Romana, sustentada em monumentos históricos e textos antigos. Bruni acrescenta o fato de que, por legítima herdeira, Florença recepciona ainda a responsabilidade de levar glória e grandeza às demais províncias da península. Malgrado o contexto de guerra com Milão ser importantíssimo nas explicações dos textos desses humanistas, a continuidade do tema com Maquiavel prova que ele sobreviveu pela sua força teórica, ainda pouco explorada pela bibliografia especializada. Para ele, não se trata apenas de ligar as origens de uma cidade ao seu prestígio e função na contemporaneidade, mas o tema da fundação em si mesmo exige uma reflexão teórica. O artigo apresenta esses marcos atento às inflexões e, sobretudo, aos aspectos teóricos de composição historiográfica.
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