Recebido em: 17/07/2022 -Aprovado em: 20/08/2022 Reinhard Koselleck registrou em seu livro Passado Futuro que o neologismo contrarrevolucionário surgiu na França por volta de 1800. Uma irrupção tímida num contexto marcado pela presença avassaladora do conceito de revolução -de adoção nem de longe unívoca -, sempre referido à experiência francesa de 1789. O novo vocábulo, na acepção apresentada por Koselleck, não trazia apenas, se é que trazia, a ideia de defesa da tradição e do antigo regime. A contrarrevolução não seria o conceito antitético, por excelência, de revolução. Na tradução para o alemão, pouco tempo depois, contrarrevolucionário passa a identificar o "inimigo do Estado". Revolucionário, portanto, designa aquele que respeita o Estado.
Resumo O objetivo deste artigo é analisar os possíveis significados das lutas pela independência para uma geração de “homens de cor” residentes no Rio de Janeiro que, ou tomaram parte diretamente nos conflitos, ou acompanharam o engajamento de pais, familiares e amigos. Apesar dos grandes avanços da historiografia nas últimas décadas, para o caso do Rio de Janeiro, as narrativas sobre a Independência ainda enfatizam a atuação de grupos políticos mais organizados e as articulações palacianas. Pretendo construir, assim, uma narrativa dessas lutas que faça sobressair outros atores, experiências e vontades políticas. O argumento central é que a população não só participou, como foi instada a participar dessas lutas. Ao perceber, especialmente a partir de outubro de 1821, a fragilidade de sua autoridade, premida entre a fidelidade à Casa de Bragança e o juramento às bases da Constituição, o príncipe-regente D. Pedro avançou nas negociações - já bem conhecidas - com elites de São Paulo e Minas Gerais, mas também investiu na busca de apoio popular. Uma participação que, posteriormente, foi desqualificada e gradativamente silenciada.
Resumo: Devido a crise de legitimidade desencadeada pela invasão napoleônica da Espanha em 1808, diferentes projetos políticos surgiram nas colônias hispano-americanas. No Rio da Plata, enquanto Buenos Aires emergiu como um pólo revolucionário, a cidade portuária de Montevidéu optou por projetos políticos monárquicos e monarquistas. Este artigo examina a relação entre o comércio trans-imperial e monarquismo no Rio da Prata, e especialmente em Montevidéu. Os projetos monárquicos no Rio da Prata estavam intimamente associados à manutenção de redes de comércio trans-imperiais e à manutenção da ordem política e econômica do período colonial. O monarquismo representava a continuidade dos princípios legais do antigo regime, proporcionava segurança e estabilidade ao comércio trans-imperial e, acima de tudo, impedia as mudanças econômicas, políticas e sociais propostas pelos projetos revolucionários. Além disso, este trabalho contribui para os debates sobre os múltiplos significados de soberania e autonomia política durante a era das revoluções na América ibérica.
In the late eighteenth century, Montevideo evolved from a small colonial town dependent on Buenos Aires into the main Atlantic port in the region. Networks connecting Montevideo to Luso-Brazilian merchants turned Montevideo into a hub for trans-imperial trade. Between 1778 and 1810, thousands of Spanish and foreign ships entered the port of Montevideo. As a result, although economically dependent on Buenos Aires’ commercial community, Montevideo merchants and authorities managed to use their privileged port, newly created institutions and trans-imperial networks to advance the city's commercial and political role within the estuary. The emergence of Montevideo as an Atlantic port city with global connections was not an isolated event, but a part of a broader process of growing global trade and political transformation.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.