Este artigo trata de motivações semânticas para a distinção de gênero masculino/feminino em Manxineru (Yine), família Aruák. Argumentamos que gênero é um traço distintivo dos referentes dos nomes, semanticamente transparente, marcado por meio de sufixos em nomes relativos a estágios da vida dos humanos e em nomes de relações de parentesco, mas cristalizado na forma fonológica de outros nomes. Mostramos que o gênero de um referente aciona concordância obrigatória por meio de afixos pessoais nos nomes em relação de posse e nos predicados verbais e adjetivais intransitivos, de acordo com o gênero do sujeito, e no caso dos verbos transitivos, com o gênero do objeto. Concluímos que a atribuição de gênero nesta língua é moldada na cultura e que, em vários casos, trata-se de atribuição de natureza puramente metafórica.
A presente pesquisa tem como objetivo a descrição de aspectos da morfologia Manxineru com foco especial na estrutura dos nomes e a relação deles com outras classes de palavras. A língua Manxineru conta com aproximadamente 1.106 falantes, que vivem em 12 aldeias na Terra Indígena Mamoadate, localizada no sudoeste do estado do Acre, Brasil. Para este trabalho, foi de fundamental importância a colaboração de três falantes nativos da língua Manxineru, que proporcionaram a construção e revisão de um banco de dados, que contém mais de 1700 itens lexicais. Com esses dados, foi possível, na perspectiva da linguística descritiva, elaborar o presente artigo, tendo como suporte teórico trabalhos de Couto (2012) e (2016), Hanson (2010), Matteson (1954), Ramirez (2001), Rodrigues (2002) entre outros. Para este artigo, foi possível descrever algumas características da morfologia dos nomes do Manxineru, como, por exemplo, a existência de marcador de aspecto e de gênero nos nomes; a obrigatoriedade da concordância de gênero entre nomes e adjetivo; a presença de um mediador de posse; além de verificarmos alguns dos fenômenos característicos das línguas Aruák, que são a distinção entre nomes absolutos e nomes relativos e a presença produtiva dos prefixos possessivos e pessoais.
Objetivamos neste trabalho descrever, com base metodológica e técnica da fonética acústica experimental, a interface existente entre a fonologia e a morfologia na variedade Manxineru (Aruák), falada no Brasil. A variedade falada no território brasileiro conta com 1106 falantes que vivem em 12 aldeias na Terra Indígena Mamoadate, localizada no sudoeste do estado do Acre. A nossa investigação nos permitiu demostrar os fenômenos aqui descritos e também reafirmar nossa hipótese de que a juntura morfológica e sintática provoca vários fenômenos linguísticos e isso é decorrência de uma reorganização do sistema da língua para que ela mantenha o padrão ritmo e acentual, que é extremamente rígido (ver COUTO, 20016; 2018). Assim, para este trabalho, nos preocupamos em expor parte de nossa investigação acerca dos fenômenos morfofonolícos existentes na língua, provocado pela intensa interface existente entre morfologia e fonologia. Especificamente para esse trabalho, nos concentramos em evidenciar os processos de alongamento e redução vocálica da língua Manxineru.
A presente pesquisa objetivou a análise e descrição fonológica, de forma preliminar, do Oro Waram Xijein, língua pertencente ao subramo Wari da família Txapakúra. O povo Oro Waram Xijein vive no noroeste do estado de Rondônia, no município de Guajará Mirim, na fronteira com a Bolívia. A pesquisa em tela é fruto de estudos desenvolvido no segundo semestre de 2019 e primeiro de 2020, com a fundamental colaboração de três falantes nativos da variante Oro Waram Xijein, sendo um deles coautor do presente trabalho, em um projeto maior no âmbito do Laboratório de Língua e Culturas Indígenas da Universidade Federal de Rondônia. O repertório teórico e metodológico que subsidiaram esta pesquisa está ancorando, principalmente, na linguística descritiva em trabalhos como Pike (1943, 1947), Jakobson (1939), Ladefoged e Maddieson (1996), Ladefoged (1975), Couto (2016), Apontes (2015) e Rodrigues (2002). Como resultados desse estudo, descrevemos para Oro Waram Xijein treze segmentos consonantais e cinco vocálicos, sendo um deles, o /t͡ʙ̥/, extremamente raro nas línguas do mundo. Descrevemos ainda o molde silábico (C)V(C) para a variante em estudo, sedo a forma CV o padrão prototípico na língua Oro Waram Xijein. O acento primário é fruto de realização fonética. Descrevemos também alguns processos fonológicos existentes neste dialeto, como nasalização, alongamento e redução vocálica, pré-nasalização, laringalização, aspiração, oralização entre outros.
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