O objetivo do artigo é o de compreender, por meio da análise do poema “Campo, chinês e sono”, de A rosa do povo (1945), a maneira pela qual Carlos Drummond de Andrade responde, crítica e criativamente, às composições cabralinas de Pedra do sono, pautadas pela tentativa de dessubjetivação e esquecimento de si. Para esse fim, o texto se vale da correspondência entre os autores e de formulações teóricas do próprio Cabral. A resposta poética e política de Drummond em “Campo, chinês e sono”, no qual se pressente utopicamente a construção de uma sociedade justa e emancipada, permite repensar também a suposta intransitividade de alguns dos poemas herméticos de A rosa do povo.
Este artigo pretende analisar o relato da viagem que Graciliano Ramos fez à União Soviética e democracias populares no início da década de 1950. Para isso, leva em conta tanto os traços da realidade observada quanto as reações do próprio diarista, de modo a entender como o escritor militante foi capaz de criar uma forma literária que põe em discussão, indiretamente, aspectos cruciais da autocracia stalinista, à época impulsionada pela vitória na Segunda Guerra Mundial e pelo IV Plano Quinquenal. O ensaio recupera também parte da recepção crítica imediata da obra publicada em 1954 a fim de embasar as análises apresentadas.
resumo Este ensaio pretende examinar de que maneira Carlos Drummond de Andrade responde, em algumas de suas composições, ao contexto repressivo da ditadura militar no Brasil de meados dos anos 1970. Por meio da análise de um poema e de uma crônica, e levando em conta apontamentos de seu diário, o estudo procura demonstrar como o poeta se viu obrigado a tratar, de forma cifrada, do terrorismo de Estado e das forças políticas então em jogo, o que contraria o juízo quase consensual sobre sua produção no período e reitera o compromisso de Drummond com o seu tempo.
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