No debate cada vez mais urgente acerca das condições da democracia, sobressai-se o tema do reconhecimento de demandas individuais e coletivas. Na busca de uma avaliação consistente desse tema a obra de Charles Taylor apresenta-se como um importante balizador. Uma das preocupações centrais no pensamento do filósofo canadense é construir uma metodologia capaz de colocar em relevo a formação e a evolução do problema da identidade, eixo sem o qual o próprio discurso sobre a democracia e a participação política permanece no campo abstrato, viciado por múltiplos pressupostos não examinados. A suposta “emancipação do indivíduo” em relação à sociedade, seja celebrada, seja deplorada, é para Taylor uma visão simplista. Sua obra apoia-se na tese de que a “revolução expressivista” conduziu ao horizonte moral do discurso a questão da luta por reconhecimento. O primeiro objetivo deste artigo é contextualizar e explicitar o projeto filosófico de Taylor, tomando como eixo central o modo como ele ofereceu uma compreensão sobre o problema da identidade. A partir daí, pretende-se mostrar como a ética da autenticidade, articulada ao tema da identidade, fundamenta-se através da necessidade de reconhecimento. Por fim, será realizado um retorno interpretativo aos seus primeiros textos, que versam sobre a obra de Hegel, a fim de demonstrar a vitalidade do pensamento hegeliano no campo da eticidade contemporânea. Taylor realiza uma problematização do pensamento de Hegel de maneira única e que confere originalidade ao seu pensamento, colocando-o em diálogo com outros teóricos acerca da esfera pública e das teorias da justiça. Segundo a interpretação tayloriana, as duas tendências do Iluminismo identificadas por Hegel – o atomismo social utilitarista e o impulso para a liberdade absoluta através da realização da vontade geral – continuaram dando forma ao desenvolvimento da sociedade moderna. Ambas as tendências continuam a impactar nossas sociedades sobre as mais variadas formas de igualitarismo e de individualismo radical.
Em nosso tempo, a perspectiva naturalista ganhou uma enorme notoriedade. No entanto, ao eliminar a liberdade, o naturalista fica refém de um tratamento da angústia como ansiedade, qualificando-a exclusivamente pelas manifestações fisiológicas e comportamentais, deformando-a em seu significado mais profundo. O que a ciência não pode objetificar, ou seja, que resiste a ser tratado unicamente em sua dimensão objetiva – sem que seja corrompida a sua significação – é o que se pretende abordar neste artigo. Coloca-se em relevo, em três itens, a problematização do conceito de angústia na tradição da filosofia existencial, com base nas obras de Kierkegaard, Heidegger e Sartre. A filosofia existencial nasce influenciada pelo romantismo em Kierkegaard, como um questionamento e uma resistência à filosofia especulativa, instaurando um novo ponto de partida: o singular da vivência e o tempo vivido. Mais tarde, ela se transforma em Heidegger no paradigma ontológico da fenomenologia hermenêutica, que conduz o filósofo a questionar o esquecimento do Ser na história da metafísica, com seus reflexos na técnica. Em Sartre, a filosofia existencial coloca-se no plano de uma ontologia fenomenológica, na qual o problema do conhecimento pressupõe a pergunta sobre o corpo e o sentido. Nossa hipótese é, portanto, que a reflexão sobre a angústia produzida pela filosofia existencial pode ser ainda hoje convocada como resistência ao naturalismo. Palavras-chave: angústia; naturalismo; filosofia existencial.
No horizonte das múltiplas possibilidades de estudo e investigação acerca da técnica, o artigo foca na abordagem teórica desenvolvida no âmbito do paradigma da hermenêutica filosófica. Embora o tema seja, em certa medida, prenunciado na obra fundamental de Gadamer, Verdade e Método, de 1960, encontramos, particularmente, em algumas de suas conferências dos anos 1970 – “Teoria, técnica, práxis” e “O que é a práxis? As condições da razão social” – importantes desenvolvimentos para uma perspectiva crítica sobre a técnica. Em um primeiro ponto, analisa-se a leitura que Gadamer faz de Husserl e de Heidegger no que tange ao problema da técnica, demonstrando a importância dessas influências. Em seguida, desenvolve-se a perspectiva de Gadamer sobre a ciência moderna e os riscos de uma totalização da civilização técnica.
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