Centro de Porto Alegre. Durante a semana, as principais artérias que cortam a região central da capital dos gaúchos absorvem um fluxo intenso de pessoas que se deslocam num vai e vem constante. O ponto de chegada desses transeuntes apressados pode ser uma loja de vestuá rio, um banco, uma repartição pública ou o Mercado Público. Vindo-se pela Rua da Praia, principal via do centro, descendo a Avenida Borges de Medeiros, logo surge uma ampla construção, em estilo neo-clássico, na cor amarelo ouro. Ladeado pela Prefeitura e pelo terminal de ônibus da Praça Parobé, tendo a frente o histórico Chalé da Praça XV e atrás a Avenida Júlio de Castilhos, mas também o Rio Guaíba. O Mercado Público consiste em um centro de compras que reúne especiarias finas e artigos populares, razão pela qual é freqüentado por todas as camadas da população. O entorno que circunscreve o Mercado é tido como periculoso, na medida em que reúne marginais (pivetes, batedores de carteira). Desempregados, vendedores ambulantes, artistas de rua, desocupados em geral também circulam pelas proximidades do Mercado. A inexistência de um efetivo policial significativo faz com que muitas pessoas evitem caminhar pela área-exceto em caso de extrema necessidade-em face do medo de serem assaltadas. Todavia, para alguns freqüentadores do Mercado Público, a violência circunscreve-se ao exterior do mesmo; internamente, no imaginário dos usuários, o Mercado apresenta-se como um lugar seguro, onde é possível desfrutar-se de um ambiente aprazível. Nas palavras dos usuários: "Todo mundo que gosta do Mercado... quem gosta do Mercado, quem conhece o Mercado...vem aqui comprar..., tranqüilamente. Não sente medo, não sente cheiro ruim, não, não...". "...eu venho aqui pra estudar...Atualmente..., ah, o que eu faço atualmente no Mercado. É, já se foi o tempo que eu tinha tempo pra vir passear, fazer qualquer coisa. Atualmente, só venho aqui, sento aqui no banquinho faço alguma coisa que eu tô sem tempo de ir em casa pra fazer né, pra agilizar a minha vida, mais de qualquer jeito, o ambiente não deixa de ser propício, prazeroso, essas coisas, ao meu ver, não posso falar pelos outros". O Mercado Público teve importante presença no desenvolvimento de Porto Alegre, primeiramente, como ponto de abastecimento da cidade, que agitava a economia e empregava muitas pessoas, e, posteriormente, como ponto turístico e espaço da cidadania.