Neste artigo discutimos uma visão de pesquisa que pressupõe formas de agir com potencial de superar opressões. Nossa proposta envolve a reflexão sobre uma práxis para a compreensão transformativa de realidades, tendo a linguagem como foco. Apresenta a perspectiva crítico-colaborativa, pautada na argumentação multimodal, como uma possibilidade de ação-investigação-transformação em espaços educacionais por uma sociedade mais justa e equânime. Com esse objetivo, apresentamos um exemplo de um processo crítico-colaborativo entre pesquisadores do Grupo de Pesquisa Linguagem em Atividade no Contexto Escolar em reunião de planejamento para um evento do Projeto Brincadas, cuja temática envolvia a contradição entre a fartura da festa junina e a fome vivida no Brasil. A análise do dado selecionado aponta para a importância na argumentação multimodal, materializada em aspectos como a exemplificação, as expressões faciais, os movimentos de cabeça e de corpo e, em especial, a concessão que permitem a expansão da colaboração crítica em oposição a uma argumentação para destruição do outro. Como resultado, foi possível perceber a busca por superação dos movimentos de opressão vividos no contexto acadêmico.
RESUMO Diante das modificações advindas da legislação sobre a educação de surdos no Brasil, ressalta-se a necessidade de propostas desencapsuladoras e decoloniais para a formação desses sujeitos. Essas propostas apontam outras formas de compreender o processo de ensino-aprendizagem para que a luta da comunidade surda e as conquistas anteriores sejam estabelecidas. Este artigo objetiva colaborar para o erguer da voz (hooks, 2019) dos sujeitos surdos, mostrando como podem ser agentes formadores em uma perspectiva de translinguagem (Garcia, 2017). O contexto são as formações do Programa Digitmed da PUC-SP, nas quais um grupo de pesquisadores, educadores e alunos (surdos e ouvintes) se reúne para elaborar propostas para transpor as desigualdades sociais. Nesse sentido, precisam ter suas vozes erguidas, valorizadas e empoderadas para superar tais desigualdades. As práticas translíngues (Swanwick, 2017), utilizadas em todo o processo, mostram como os agentes surdos e ouvintes podem ser formadores em um movimento insurgente (Walsh, 2019). A translinguagem se materializa como um instrumento usado pelos participantes para romperem barreiras e alargarem fissuras visando expandir suas condições decoloniais de coexistir.
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