O artigo descreve a metodologia utilizada para a criação da peça Acima de tudo – Teatro antifascista, enfatizando o modo como a dramaturgia e a encenação articularam as bases teóricas estudadas. O neofascismo foi abordado a partir de fontes filosóficas e sociológicas que permitiram estabelecer paralelos entre o período da Alemanha nazista e o Brasil atual, sendo o mais evidente a mobilização, para ideias totalitárias, do sentimento da solidão em meio à multidão. O celular foi tomado como símbolo dessa solidão massificada hiper conectada que gerou o fascismo no Brasil e empregado na encenação tanto como objeto de cena quanto como inspiração para todo o espetáculo.
Resumo: O artigo aborda a relação de tensão entre ficção e realidade no teatro contemporâneo a partir do conceito de teatro performativo e em relação com a filosofia de Vilém Flusser, utilizando-se de exemplos de recentes encenações e baseando-se em análises de reconhecidos pesquisadores. As noções de ficção, realidade, intelecto e conversação na filosofia de Flusser são mobilizadas para sugerir que o teatro contemporâneo é uma espécie de intelecto performativo diferencial, configurando não uma representação, mas uma expansão da própria realidade.
O artigo propõe uma análise da peça Mi Vida Después, da encenadora argentina Lola Arias, considerando o modo como a combinação de elementos testemunhais, de representação e de apresentação de documentos estabelece sobreposições temporais no espetáculo. O tempo da ditadura militar argentina, vivido pelas atrizes e atores quando ainda crianças, é colocado em perspectiva com o tempo atual dos personagens adultos, configurando o tempo da representação propriamente dita. Esse jogo de temporalidades é analisado a partir do contraste entre as noções de “experiência” e “vivência” na obra de Walter Benjamin e, em especial, do conceito de “estrutura de sentimentos”, desenvolvido por Raymond Williams. Por fim, levando em conta essa sobreposição de temporalidades, são tecidas considerações sobre um espetáculo de treze anos atrás, criado no contexto cultural e social da Argentina, e se ele teria algo a dizer ao Brasil atual.
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