Neste ensaio buscamos fazer uma aproximação preliminar e pouco comum das poéticas de Fernando Pessoa e Guimarães Rosa, a partir da análise de sua produção nos textos das “Ficções do Interlúdio”, do português, e das “Coisas de Poesia”, do brasileiro, considerando questões como o espaço literário, a desleitura da tradição canônica e a despersonalização do artista moderno.Palavras-chave: Heteronímia pessoana; Poetas anagramáticos de Guimarães Rosa; Tradição literária; Desleitura.
Este ensaio nasceu da intenção de comparar as recolhas de dados sobre a medicina empírico-tradicional em Portugal e no Brasil, por iniciativa de Michel Giacometti, naturalizado português, cujo acervo, recentemente descoberto, foi reunido no volume Artes de Cura e Espanta-Males (2009), e do brasileiro Mário de Andrade, autor do livro Namoros com a Medicina (1937). A similaridade desses trabalhos aponta para o interesse desses pesquisadores sobre a cultura popular - em particular aquela relacionada ao entendimento espontâneo do povo luso-brasileiro sobre os males do corpo e da alma, e de suas interpretações metafóricas e estigmatizantes sobre a doença como um mal social. A partir daí, pretendeu-se tecer uma análise sobre a construção e desconstrução de mitos identitários brasileiros como Jeca Tatu e Macunaíma, analisando seus antecedentes no imaginário literário português e suas repercussões na moderna literatura nacional.
A obra de Clarice Lispector sofre uma guinada a partir dos anos 1960, com o livro de contos Laços de família, escrito durante sua experiência profissional como jornalista responsável pelas colunas femininas publicadas na imprensa carioca nesta década. A menção obsessiva à receita “Como matar baratas” nessas páginas, que vem a dar origem ao conto “A quinta história”, e posteriormente ao romance A paixão segundo G. H., revela que a autora terá vislumbrado na figura do inseto um potencial capaz de deflagar uma reflexão metalinguística sobre o processo de metamorfose de seu estilo, após a sua prática como cronista.
A antologia de contos Sagarana marca a estreia de um médico interiorano em crise, deprimido após um pífio segundo lugar obtido em sua primeira e esperançosa empreitada literária. Prestes a abandonar a profissão e o sonho para dedicar-se ao serviço burocrático no Itamaraty, Guimarães Rosa deflagra seu destino viator: levado a estranhas paragens, familiariza-se com o sublime e o grotesco, na descoberta da generosa paixão de Ara e do fescenino ódio de Hitler. De volta ao Brasil, a reescritura deste livro aponta para uma guinada na percepção do autor; que escolhe, antes, abraçar os mistérios do grande sertão, a apartar-se deles em nome de uma ciência racional e dogmática, alheia ao amor e ao espírito: desalmada.
Introduçãoquestão da cidade aflora como um tema de predileção no universo dialógico das figuras reais e fictícias da poesia pessoana. Verdadeiros e imaginários, os autores envolvidos no "poetodrama" tematizam de diversas maneiras as suas percepções do espaço-tempo em que vivem. Oscilando entre impressões de vício e de virtude, essas percepções, somadas e incorporadas pelo talento pessoano à sua poesia, resultam na lição básica do seu sensacionismo: o "sentir tudo de todas as maneiras", talvez o método mais moderno, ou o único possível, de apreensão do espaço urbano da modernidade.Neste ensaio, pretendo refletir sobre as diferentes imagens da cidade construídas através do curioso diálogo que o poeta estabelece com a poesia de Cesário Verde, Walt Whitman, Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Bernardo Soares. O tempo de eleição dos poetas é a modernidade, cujo espaço, por definição, é a cidade, imagem que se constrói em oposição à do campo -ligada ao modo medieval de vida. A tematização da cidade na literatura permite ao leitor pensar sobre o fenômeno urbano e o tipo de vida por ele condicionado, bem como traçar um perfil da "pessoa" que é gerada a cada dia nas entranhas das metrópoles.Se o tempo afeta a fisionomia do espaço, o espaço também não pode ser dissociado do tempo nem do seu registro histórico. A cidade se constrói no mundo e nos textos, e o avanço tecnológico da modernidade, desde a criação da imprensa até a atual era da informatização, apenas acentua o poder simultaneamente edificador e demolidor da palavra sobre a imagem continuamente em movimento daquilo que chamamos, pensamos
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.