RESUMOEssa tese traz um estudo inédito sobre a desigualdade racial na composição do grupo dos ricos no Brasil. Em consonância com a produção nacional e internacional sobre o tema da riqueza, a definição desse grupo é feita com base na distribuição dos rendimentos, dada a inoperância de outros indicadores disponíveis, como títulos ocupacionais, para operar essa delimitação. Procedese primeiramente com a análise da desigualdade racial ao longo da distribuição de renda, revelando-se que o comportamento dos fatores que explicam essa desigualdade não é constante ao longo dessa distribuição. As desvantagens diretamente associadas à condição racial assumem patamares críticos nas posições mais elevadas. Esses resultados são consistentes com pesquisas anteriores e têm significado teórico, pois apontam para a existência de um princípio de articulação entre classe e raça. Tendo esses resultados como pano de fundo, prossegue-se com a análise da disparidade racial de riqueza, distinguindo-se o papel de três fontes de desigualdade: (a) os atributos individuais produtivos, sobretudo a educação, inclusa a distribuição diferencial de negros e de brancos ao longo das diferentes áreas de formação superior; (b) a discriminação racial, ou, de maneira geral, as desvantagens diretamente associadas à condição racial das pessoas; e (c) fatores de mediação não observados pelo censo demográfico. Os resultados mostram que o componente de discriminação é muito relevante, não sendo a equiparação educacional entre negros e brancos suficiente para reduzir a disparidade de riqueza em muito mais do que 15%. Observa-se também uma acentuada disparidade racial na associação entre riqueza e poder, compreendida como a probabilidade de se ocupar simultaneamente a posição de rico e a posição de elite, definida essa última com base no exercício de controle sobre instituições. Todos os padrões de disparidade observados são críticos em se tratando das mulheres negras. Finalmente, essa tese também mostra que a correção da disparidade racial de riqueza não necessariamente se relaciona à redução dos níveis globais de desigualdade de renda na população brasileira. Desigualdade racial de renda e desigualdade de renda em geral são problemas relacionados, porém distintos. AbstractThis thesis brings an original study on the racial inequality in the composition of the topincomes in Brazil. An analysis is made of the racial inequality all across the income distribution.This analysis shows that the factors explaining income inequalities between blacks and whites behave differently across the income distribution. These differences in behavior have a clear pattern: the higher the levels of income, the higher the levels of inequality attributable to discrimination. These results are theoretically significant, for they suggest that a specific kind of interaction between racial inequality and class positions. Taking such results as a background, we investigate how blacks and whites are unevenly present in the top-incomes, taking into account three alternative explanation...
Resumo: Este artigo estuda a participação das mulheres negras no grupo dos ricos no Brasil. São definidos como ricos aqueles que integram o conjunto de 1% com maiores rendimentos advindos do trabalho principal. Através de modelos logísticos, estima-se em que medida a escolaridade, incluindo a segmentação por áreas de formação superior, contribui para as desvantagens desse grupo de mulheres quanto à participação entre os ricos. Estima-se também a contribuição relativa da remuneração discriminatória dos níveis educacionais. O estudo aborda também como a condição racial afeta a condição de status das mulheres negras ricas, sendo o conceito de status operacionalizado a partir das dinâmicas conjugais. O que se observa é que mulheres negras ricas, além de tenderem a não contar com um cônjuge, experimentam maiores probabilidades de estarem unidas a cônjuges não ricos, em comparação com as mulheres brancas. Isso indica que a condição racial deprecia suas possibilidades de conversão da afluência econômica em status social. A análi-se da dinâmica matrimonial é realizada com base em modelos logísticos multinominais. Os dados são provenientes do Censo Demográfico de 2010.Palavras chave: desigualdade racial, desigualdade de gênero, riqueza, status, endogamia racial. IntroduçãoA inserção das mulheres no mercado de trabalho é um fenômeno com múl-tiplas dimensões. Com efeito, há uma relação muito estreita entre a diferenciação do mercado de trabalho e a inclusão feminina (Goldin, 1994). Por outro lado, mudanças no campo da cultura vêm alterando o comportamento das mulheres frente ao mercado de trabalho (Lombard, 1999). A pesquisa quantitativa sobre o tema tem se dedicado majoritariamente a três tópicos. Embora relacionados, cada um leva a abordagens com unidades de análise distintas.O primeiro tópico diz respeito ao próprio nível de inclusão no mercado de trabalho. Trata-se de perceber como a inserção das mulheres evolui ao longo do tempo, sobretudo a partir das últimas décadas do século XX, assim como estudar os fatores que condicionam essa evolução. Não há apenas um aumento quantitativo na participação das mulheres no mercado de trabalho, essa participação também dá sinais de consolidação, estendendo-se por todas as faixas etárias (antes havia concentração em mulheres jovens, indicando talvez a saída do mercado de trabalho em função do casamento) e havendo também mais forte tendência de que mulheres desempregadas persistam na população economicamente ativa (Hoffmann & Leone, 2004).
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Resumo Esse artigo traz um estudo exploratório sobre a relação entre atitudes e classes sociais no Brasil. Procura-se identificar as classes sociais, definidas com base no exercício de direitos e poderes sobre recursos produtivos, a partir de seu posicionamento no espaço social definido por atitudes referentes ao trabalho, à vida familiar, à vida comunitária, a práticas de consumo cultural, e a posturas políticas. Os dados utilizados são originais, provenientes da pesquisa Radiografia do Brasil contemporâneo, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), durante os anos de 2015 e 2016, com pessoas residentes em regiões metropolitanas brasileiras. Os métodos utilizados partem de Análise de Componentes Principais. Os resultados mostram que três dimensões definem um espaço social de atitudes no Brasil, sendo que a principal se relaciona ao que será chamado de autoconfiança produtiva. A posição das classes sociais ao longo dessa dimensão está intimamente relacionada à posse de recursos produtivos.
Este artigo traz um estudo empírico qualitativo sobre as percepções e as atitudes políticas de brasileiros de sete regiões metropolitanas brasileiras. Utilizando dados de 323 entrevistas semiestruturadas, identifica quatro padrões discursivos relacionados a atitudes e a racionalidades políticas distintas. Investiga também a associação desses padrões discursivos com a escolaridade e o grupo ocupacional dos entrevistados. A técnica utilizada para identificar esses padrões é a análise de conteúdo assistida por análise estatística de texto. Os resultados substantivos apontam para as limitações do conceito de ideologia para explicar as atitudes políticas e sugerem agendas de pesquisa para a melhor compreensão sobre como essas atitudes se organizam e sobre o seu papel no funcionamento do sistema político.
No abstract
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