Resumo O objetivo deste artigo é analisar os projetos do Office of the Coordinator of Inter-American Affairs e seus colaboradores para a tradução da narrativa de ficção brasileira para o inglês no período de 1943 a 1947. Demonstrarei que esse projeto tinha um caráter pedagógico e produziu uma representação de Brasil agrário e atrasado em contraste com os Estados Unidos industrializados e modernos. Para fazê-lo, analisei os documentos do Departamento de Estado dos EUA, da American Library Association, do American Council of Learned Society e do arquivo pessoal de um dos tradutores participantes do projeto, Dudley Poore.
Resumo O Office of the Coordinator of Inter-American Affairs (OCIAA), um órgão do Departamento de Estado dos Estados Unidos, funcionou no período de 1941 a 1946 e foi responsável pela execução das políticas econômicas e culturais dos Estados Unidos para os países latino-americanos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A agência elaborou projetos para fomentar o intercâmbio de livros entre as Américas e contou com a participação de professores, bibliotecários, tradutores, artistas, escritores e editores. Este artigo pretende analisar alguns desses projetos que convergiram para o crescimento da disseminação de livros estadunidenses no Brasil, apesar dos altos preços se comparados aos livros europeus. Demonstrarei não somente a eficiência da equipe do OCIAA, a despeito de sua natureza emergencial e temporária, mas também os planos dos editores estadunidenses para os livros na América Latina pós-guerra. As fontes consultadas nesta pesquisa foram os documentos da American Council of Learned Societies, do OCIAA e da American Library Association.
A tradução da literatura brasileira, juntamente com outros bens culturais, foi uma das estratégias do Office of the Coordinator of Inter-American Affairs, do governo dos Estados Unidos, para estreitar os laços de amizade com os países latino-americanos durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O objetivo deste artigo é analisar o sistema literário estadunidense para o qual a literatura brasileira foi traduzida na década de 1940, abordando as tendências estéticas da crítica e do público e os padrões editoriais e comerciais do período. Demonstrarei a acomodação das traduções às normas do sistema receptor com destaque para a função pedagógica projetada para a literatura brasileira. Tendo esse objetivo em mente, utilizei o arcabouço teórico e metodológico dos Estudos Descritivos da Tradução.
Juntamente com Caminhos cruzados, o livro do início do século xx, Os sertões (1902), de Euclides da Cunha, chegou às prateleiras estadunidenses como Rebellion in the backlands em 1944, uma tradução feita por Samuel Putnam e editada pela University of Chicago Press. Nesse mesmo ano, ainda foi publicado pela Editora Farrar & Rinehart o romance A fogueira (1942), de Cecílio Carneiro, traduzido como The bonfire por Dudley Poore. Em 1945, publicaram-se as traduções de Terras do sem fim (1943), de Jorge Amado, e Inocência (1872), do Visconde de Taunay, respectivamente The violent land, vertido por Samuel Putnan, e Inocência, por Henriqueta Chamberlain. Em seguida, em 1946, tiveram vez os romances O resto é silêncio (1943), de Erico Verissimo, e Angústia (1936), de Graciliano Ramos, o primeiro intitulado The rest is silence e o segundo Anguish, ambos traduzidos por Louis C. Kaplan. O ano de 1947 fecha o ciclo de publicações de autores brasileiros nos Estados Unidos dessa década com Olhai os lírios do campo (1938), de Erico Verissimo, traduzido como Consider the lilies of the field por Jean Neel Karnoff (MORINAKA, 2017a(MORINAKA, , 2017b.Os documentos oficiais do projeto tradutório, depositados no National Archives of Records Admnistration II (NARA II), em College Park (MD), nos Estados Unidos, conduziram-me a refletir sobre a patronagem da tradução, assunto já tratado por André Lefevere (2007). A patronagem desdobra algumas implicações que precisam ser observadas e analisadas, como os jogos de poder subjacentes ao processo tradutório, o controle do governo sobre a tradução literária e a desconfiança de manipulação textual de acordo com o interesse político. O objetivo deste artigo é, portanto, apresentar um cotejo entre o texto de partida e o texto traduzido para verificar se houve reverberações desse projeto político no produto que é a tradução -o que informará não somente a acomodação de Caminhos cruzados no sistema literário estadunidense, mas a particularidade da tradução e sua representação.A metodologia comparativa foi usada para salientar as diferenças e examinar as modificações feitas no texto traduzido para que ele se adequasse às normas da cultura receptora. Além da identificação desses padrões, a hipótese interpretativa é a de que ele excedeu os limites diplomáticos e instrutivos impostos para os quais foi inicialmente pensado no projeto. Mesmo diante do papel regulador do OCIAA, na representação das nossas letras, os tradutores -os executores do trabalho e conhecedores da estrutura de ambas as línguas -tiveram autonomia na construção do texto. É possível que os editores tenham feito modificações, cortes ou acréscimos na tradução, mas é arriscado afirmar algo a esse respeito, uma vez que não tive acesso à revisão do editor sobre o texto do tradutor 1 . o contratoAs negociações para o fechamento do contrato da tradução e publicação de Caminhos cruzados entre a Editora Macmillam e o OCIAA iniciaram-se em meados de janeiro de 1942. As várias correspondências trocadas entre Lawrence H. Levy, da Divisão Jurídica d...
Utilizando o arcabouço teórico-metodológico dos Estudos Descritivos da Tradução, o objetivo desse artigo é apresentar o cotejo entre Angústia (1941), de Graciliano Ramos, e sua tradução para o inglês, Anguish (1946), de Louis C. Kaplan, a fim de verificar as modificações textuais feitas à tradução para acomodá-las ao sistema literário estadunidense. O resultado do cotejo mostra que apesar do controle governamental estadunidense sobre o projeto tradutório do qual Angústia fez parte, a tradução preservou a fragmentação moral, mental e social do protagonista Luís da Silva, potencializando e desdobrando essa representação em língua inglesa. Para analisar essa nova textualização, recorre-se às pesquisas que descortinam as condições literárias e sociais que possibilitaram determinadas obras surgirem ou circularem em certos espaços ou períodos. Assim, o segundo movimento deste estudo concentra-se nos fatores literários e sociais que possibilitaram a circulação de Anguish no sistema literário estadunidense.
Objetivo: Este artigo analisa o contexto e as motivações dos subsídios da Office of the Coordinator of Inter-American Affairs para os programas editoriais na década de 1940, relacionando-as aos programas financiados pela Fundação Rockefeller desde a década de 1930, em especial aqueles coordenados pela American Library Association. Metodologia: Para isso, as fontes primárias disponíveis nas seguintes instituições foram analisadas comparativamente: o National Archives and Records Administration II, a Fundação Rockefeller, a American Library Association e o American Council of Learned Societies. Originalidade: o artigo destaca a ação estadunidense que objetivava evidenciar sua superioridade e neutralizar as “atividades subversivas” e o “antiamericanismo” no continente americano por meio dos livros, um dos bens culturais pouco explorado na historiografia da chamada Política da Boa Vizinhança. Conclusões: a análise mostra que o fortalecimento da distribuição de livros funcionou como uma estratégia de maior inserção ideológica nos países alvos, além do combate às atividades subversivas e ao antiamericanismo na década de 1940.
The considerations and arguments of this article were developed based on the information printed in Diário de Notícias, a newspaper from Salvador, Bahia, in Brazil, which states that Agnes Blake Poor was the first North-American woman to translate Brazilian literature into English. Poor edited the anthology Pan-American Poems (1918) that brought a collection of Latin-American poems in English translation. Brazil is represented by Gonçalves Dias, Bruno Seabra, the Portuguese Francisco Manuel de Nascimento, and a gypsy folk-song. Using the theoretical and methodological tools from Descriptive Translation Studies, the objective of this article is to analyse the political and literary dimensions in which the anthology was published in the United States and compare the source and target poems to pinpoint the translational norms. The results show that the governmental translation project was aimed to foster Pan-Americanism and to unite the Americas during war time, which was key to determine the choice of the poems and the translation norms.
Esse artigo tem como objetivo apresentar um panorama dainterface entre os Estudos da Tradução e a Lingüística Sistêmico-Funcionalpartindo-se do conceito de (re)textualização, a escolha e a organizaçãode significados já textualizados em uma língua para a outra. Oque é textualizado é colocado em primeiro plano no discurso, que, porsua vez, é organizado através de escolhas de micro-componentes da léxico-gramática do eixo paradigmático de acordo com os objetivos e asnecessidades de cada indivíduo. Um conceito semelhante ao de (re)textualizaçãoé o de agnação, a produção de ‘textos sombras’, ou seja, outros candidatosem potencial da língua fonte e alvo que não foram textualizadose que podem ser investigados no ambiente tradutório. Esses conceitosteóricos da Lingüística Sistêmico-Funcional são utilizados juntamentecom suas ferramentas de análise para uma orientação descritiva e discursivados Estudos da Tradução.
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