Resumo O presente trabalho embarca em um voo ambivalente que transporta representações da modernidade líquida - metáfora da fluidez da “existência” contemporânea, desenvolvida pelo sociólogo Zygmunt Bauman. Inseridos em tal cenário líquido, os relacionamentos humanos ocupam o cerne das atenções na produção artística brasileira contemporânea. O propósito deste artigo é destacar os temas suscitados nos meandros das narrativas de tal modernidade, tais como o desejo, o medo e a violência. Para tanto, apresentar-se-á uma interpretação pautada na visão estético-recepcional de Hans Robert Jauß do conto “O embrulho da carne”, da obra O voo da madrugada (2003), do escritor brasileiro Sérgio Sant’Anna.
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O presente trabalho tem por objetivo apresentar um breve resultado da fundamentação e aplicação da categoria, de cunho ontofenomenológica, intitulada “apreensão-dos-afetos”, a qual teve sua origem a partir da leitura de Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa (2015). Para tanto, concentraremos nossa atenção em um momento específico do romance, o qual se refere à travessia primeira de Riobaldo, tendo no Menino-Diadorim o ponto de iniciação de sua jornada. A categoria em questão teve sua fundamentação teórica, principalmente, pautada nos estudos ontológicos de Sartre (2002), porém, neste trabalho em especial, teremos os ensaios de Benedito Nunes (1992, 2013a) como guia, de vez que o filósofo representa um dos principais elos entre teoria filosófica e interpretação literária. A apreensão-dos-afetos revela-se a partir dos vestígios linguísticos que Riobaldo deixa durante o ato de narrar os afetos apreendidos quando menino, registrados a partir dos acontecimentos do início de sua travessia ao demonstrar suas impressões, percepções, reflexões sofridas/realizadas e o modo como comportou-se diante do menino-Diadorim. Travaremos o diálogo com Benedito Nunes sobre três perspectivas: a busca de Riobaldo pela Unidade primeira; um norte para a fundamentação da categoria; a aplicação da categoria ao romance, tendo como guia a interpretação de Benedito Nunes (2013a).
Abordamos o romance K, de Bernardo Kucinsk, a fim de compreendê-lo como Escritura dissidente e resistente cuja Assinatura sob o nome do autor é a própria Repetição dos procedimentos narrativos que costumeiramente são adotados pela ficção em torno dos arché de poder institucional. Tentamos teorizar o conceito de Arquivo segundo as reflexões de Derrida para melhor compreendermos a Escritura de Kucinski como texto nascido da experiência sensível das vítimas da repressão ditatorial militar brasileira. Ao mesmo tempo buscamos investigar de que maneira o K é também Repetição de uma Assinatura da culpa de quem sobrevive a catástrofes. Assim, parece-nos, preliminarmente, que a ficção do K é um acontecimento singular, como ocorre sempre que estamos diante de um relato baseado na experiência catastrófica. Este artigo procura dizer como se configura essa Assinatura e como sua Repetição não anula a Escritura como evento único e tampouco se deixa absorver pela autoridade do Arquivo.
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