Passada a euforia psicanalítica que arrebatou a Europa e a América Látina em meados do século XX, podemos hoje dizer que a relação entre a teoria freudiana e a literatura é duradoura, promissora e encontrou sua justa medida. Esse diálogo, de longa data, vem-se mostrando extenso e criativo.
A partir de Rocha (2011), Vieira (2013), e Xavier (2014), o presente artigo procura investigar a influência do Modernismo de Oswald de Andrade e do Regionalismo de Gilberto Freyre na obra de Rogério Sganzerla; e como esta inseriu-se no debate sobre a emancipação da situação colonial da cultura brasileira. Quer nos manifestos, quer na narrativa fílmica O Bandido da Luz Vermelha (1968), o dialogo intersemiótico com os escritores modernistas redimensionam a problemática da constituição identitária da arte brasileira ao propor antropofagia de Tradição, Região e Modernidade enquanto alternativa viável que coloca em outro diapasão a velha relação de dependência cultural dos povos descolonizados.
Com este artigo pretendemos, primeiro, demonstrar que todo gesto mimético empreendido pela literatura, toda forma artística, é também a expressão de um modo de subjetividade, assim como revelador de uma visão de mundo. Depois, que seria principalmente através dos aspectos formais, e não necessariamente discursivos, que a literatura apreenderia e representaria mais complexamente a realidade, que por sua vez deve ser entendida num sentido mais subjetivo e menos factual. Por fim, conciliando a reafirmação da expressividade formal da literatura com uma concepção mais subjetiva e complexa da realidade, problematizamos a possibilidade de a literatura produzir em relação ao mundo um tipo de conhecimento menos conclusivo, assertivo e muito mais autoirônico, admitidamente paradoxal, inconcluso e metafórico.
Neste artigo mostramos que as ideias propostas por Edgar A. Poe e Julio Cortázar a respeito da teoria do conto tendem a ser reducionistas e inapropriadas quando contrastadas com as enormes possibilidades de análise psicológicas e formais apresentadas pelos contos de Machado de Assis.
O objetivo deste trabalho é, a partir de uma reflexão sobre a fundação da literatura brasileira, no século XIX, e da relação que se estabeleceu desde então entre literatura e nação, propor uma problematização sobre a presença do humor – enquanto estrutura literária, elemento mimetizado e meio de reflexão – entre os autores que compõem a literatura brasileira. Para isso, admitindo a ideia machadiana de sentimento íntimo, recortes sincrônicos e uma perspectiva antropofágica, propomos investigar se é possível reconhecer nas obras nacionais, marcadas pelo humor, traços de um diálogo com (1) tradições literárias, autores e retóricas relacionadas ao humor, com (2) reflexões teóricas, psicológicas, filosóficas ou sociológicas sobre a origem, manifestação e efeitos decorrentes do humor e a (3) possibilidade dessa manifestação expressar algum traço característico de determinado período histórico ou cultura particular.
Este ensaio sugere que a forma multifacetada, fragmentada e heterógena que caracteriza a originalidade do romance Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade, pode também ser lida como resultante mimético de um processo de apreensão de um modo subjetivo que se mostra evidente e preponderante a partir do século XX
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