Apresentação do caso: GSO, masculino, 80 anos, natural do RN, refere quadro de disfagia progressiva de condução, de inicio há 3 meses, associado a perda de 10 kg neste período. Hipertenso e diabético, em uso de metformina, glibenclamida, losartana, atenolol, hidroclorotiazida, AAS, sinvastatina. História de tabagismo, etilismo e irmão falecido por câncer de estômago. Realiza EDA que evidencia estenose concêntrica a 20 cm dos lábios, sem progressão do aparelho ou sonda nasoentérica, com biópsia ausente de malignidade. USG de tireoide aponta nódulo à esquerda, sugestivo de neoplasia. TC de tórax evidencia aumento da tireoide à esquerda, sugestivo de malignidade, com rechaço do esôfago, que apresenta alterações sugestivas de blastoma em esôfago proximal. Tentada dilatação com velas progressivas com passagem de fio Savary, seguido de EDA com aparelho pediátrico, para estudo da lesão, sem sucesso. Evolui com piora da disfagia, sem suporte nutricional adequado por via oral, optado por NPT e posteriormente gastrostomia. Após convalescência do orifício, realizado endoscopia retrógrada, que identificou lesão vegetante esofágica, a 20 cm da junção escamo colunar, sendo realizadas biópsias evidenciando carcinoma pouco diferenciado em anel de sinete. Realizado punção de nódulo da tireóide que revela neoplasia folicular IV de Bethesda. Encaminhado à Clínica de Oncologia que inicia QT e RT, para tratamento de câncer de esôfago; sem abordagem do tumor folicular de tireóide no momento. Discussão: O sintoma mais comum dos cânceres esofagianos é a disfagia progressiva, geralmente acompanhada de perda de peso desproporcional. Houve um aumento na incidência de câncer de esôfago nos EUA, devido principalmente ao aumento do adenocarcinoma esofágico, doença de prognóstico sombrio. Com o desenvolvimento de procedimentos diagnósticos e novos tratamentos a taxa de sobrevivência está aumentando, o que permite que mais pacientes possam desenvolver múltiplos tumores malignos primários (MTMP). Segundo Meng LV et al, o tipo histológico mais frequente de MTMP foi adenocarcinoma e o sistema digestivo foi o mais comum. Os pacientes que fizeram a terapia com cirurgia combinada com QT ou RT tiveram sobrevida maior, quando comparado a cirurgia exclusiva. Comentários Finais: O tratamento para tumores sincrônicos é diferente do tratamento de tumores únicos primários, e isso tem gerado grande discussão entre os cirurgiões, contudo, novos estudos são necessários para auxiliar na terapia adequada.
ABCDExpress 2017;1(2):846Codigo: 63687 Acesso está disponível em www.revistaabcd.com.br e www.sbad2017.com.br Acesso pelo