são apontadas por diversos autores como pioneiras na explotação de ouro durante o período colonial brasileiro. O intervalo 1553 a 1597 pode ser considerado o marco inicial do primeiro ciclo da mineração de ouro, que durou cerca de 200 anos. Em Guarulhos o ouro foi lavrado principalmente em sedimentos de aluviões, colúvios, elúvios, material saprolítico e veios de quartzo associados às rochas do Grupo Serra do Itaberaba, uma sequência meta-vulcanossedimentar do Mesoproterozoico. Dez dutos e um túnel nos arredores de Guarulhos constituem registros arqueológicos da lavra de ouro dessa época. Tais construções estão relacionadas espacial e temporalmente com barragens, bancadas de lavra, frentes de lavra, canais, valas, áreas de lavagem e separação de ouro, pilhas de rejeito de cascalho e vestígios de paredes de pedra. A atividade de mineração causou modificações de escala variada na paisagem, por ações relacionadas com o desmonte de encostas, abandono de frentes de lavra e alargamento de vales. A correlação dos dutos e túnel com diversas outras estruturas arqueológicas permitiu caracterizá-los como parte integrante do sistema de transporte de água do processo da lavra de ouro, intimamente associados às bacias hidrográficas do Ribeirão Tomé Gonçalves e dos córregos Guavirituba, Tanque Grande e Guaraçau. Os dutos, localizados nas cabeceiras das bacias hidrográficas, tinham como finalidade conduzir por gravidade a água armazenada em barragens, indispensável à explotação de ouro a jusante. A função do túnel era prover com água a lavra de uma encosta com minério essencialmente coluvionar. Os resultados aqui obtidos fazem parte de um projeto amplo que visa resgatar, recuperar, divulgar e preservar registros de grande valor arqueológico, mineiro, geológico, histórico e cultural no âmbito do Geoparque Ciclo do Ouro de Guarulhos. O conjunto destes registros auxilia na difícil tarefa de resgatar a história dos primórdios do Brasil Colônia e de seu primeiro Ciclo do Ouro, geralmente ignorados pelos historiadores.
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