RESUMO:Rorty enfrentou as contingências do mundo contemporâneo apostando no partilhamento da "retórica das democracias liberais", como a mais aceita e mais adequada em uma sociedade caracterizada pelo fim das metanarrativas e das condutas de moral absoluta. Mas essa aposta resvala claramente num pragmatismo moral mal disfarçado. Luhmann, ao contrário, levou até o fim a preocupação, abandonada por Rorty, de elaborar uma teoria antimetafísica e despida de um projeto normativo para a sociedade contemporânea. Sua teoria dos sistemas enfrenta as contingências do mundo, excluindo tudo que for externo ao sistema, ou seja, tudo que não possa se tornar um mecanismo de manutenção da identidade dos sistemas face à complexidade do mundo. PALAVRAS-CHAVE: Contingências. Complexidade. Utopia liberal. A DOMINAçãO DA IDENTIDADEO impulso inicial e a constituição sistemática do pensamento ocidental caracterizaram-se pela tentativa sempre recorrente de abandonar aspectos fundamentais da realidade e do pensar essa realidade. Desde Platão (1972, p.163), pensa-se a essência das coisas fora delas mesmas, habitando um mundo -o mundo das ideias -no qual o idêntico e o uno excluem qualquer sorte de contradição ou não-ser. Aristóteles (1969) debruça-se sobre o ser enquanto tal, mas categoriza os variados aspectos a partir dos quais a realidade se nos mostra, em substância e acidentes, de forma que o tempo e o movimentar-se das coisas (do ser) seriam apenas acidentes (ou atributos) que não alterariam a identidade da coisa em si mesma. Em ambas as filosofias, e nas mais diversas variantes que delas decorrerem, na tradição metafísica ocidental, preconizouse o pensamento da identidade 2 e da essência com base na qual se ordenam os
The purpose of this paper is to discuss Jessé Souza’s interpretation of Brazil. To this end I develop two interrelated arguments. The first, presented in the first part, is the idea that Jessé Souza in Selective modernity uncritically absorbs a certain ambiguity present in Max Weber’s theory of modern rationalization: namely, the Weberian idea that, on the one hand, singularities define the process of formation of modern societies, and, on the other, the European model of society would expand to all parts of the world. These orient Jessé Souza’s critique of the classical interpretation that Brazilian modernity is atavistic. The second argument is a logical consequence of the first, intending to show that his concept of selective modernity makes the same mistake of assuming an ideal of modernity upon which Brazil, as a historical reality, should model itself.
RESUMOPretende-se nesse artigo discutir o conceito de práticas civilizatórias, aqui entendidas como o resultado de processos fortemente orientados por relações de poder e por lutas cotidianas que configuram as práticas sociais. Para tanto, fundamenta-se na análise de alguns aspectos da crítica de Bruno Latour e Michel Foucault à concepção metafísica e "purificada" de racionalidade moderna. Esses pensadores, cada qual a sua maneira, realizaram o trabalho de "desnaturalização" da modernidade: Latour formulou o conceito de híbridos para mostrar que, ao invés de uma razão purificada de seus outros, o que se tem é a mistura de humanos e não-humanos, um continuum entre ser, pensar e fazer. Já Foucault defendeu que as formas de racionalidade presentes na produção do saber, nas técnicas de poder e nas modalidades de governo, não esgotam a razão, pois outras formas de racionalidade emergem e se constituem. Assim, se a racionalização moderna nos legou processos de dominação, legou-nos também alternativas de resistência, modos atualizados de constituição de práticas de contracondutas ético-civilizatórias. Palavras-Chave: Liberdade. Ética. Foucault. Latour. ABSTRACTOne intends, in this article, to discuss the concept of civilizing practices, which is understood as the result of processes strongly oriented by power relations and daily struggles that shape social practices. Therefore, based on the analysis of some aspects of Bruno Latour and Michel Foucault's criticism to the metaphysical conception and "purified" of modern rationality. These thinkers, each one in their own way, made the work of "denaturalization" of modernity: Latour formulated the concept of hybrids to show that, instead of a purified reason of their others, what we have is a mixture of human and non-human, a continuum of being, thinking and doing. Already Foucault argued that the forms of rationality present in the production of knowledge in the techniques of power and the forms of government, do not exhaust the reason because other forms of rationality emerge and form. Already Foucault argued that the forms of rationality present in the production of knowledge in the techniques of power and the forms of government, do not exhaust the reason. Where forms of rationality produce subjection processes, other forms of rationality emerge and form.Thereby, if modern rationalization bequeathed us processes of domination and subjection, it has also bequeathed us ways to combat, updated models of formation of ethical and civilizing counter-conducts practices. Keywords: Liberty. Ethics; Foucault. Latour. As bases da centralização da razão: a purificação moderna do mundoBruno Latour em um "diálogo por um mundo comum" (2006) no qual conversa com cientistas e filósofos, dentre os quais, Peter Sloterdijk, Isabelle Stengers e Philippe Descola
Nesse artigo, procedemos a uma análise sobre a irracionalidade da guerra em tempos cada vez mais caracterizados pela evolução da racionalidade técnica, ou seja, em tempos contemporâneos. Esse é o ponto a partir do qual traçamos, aqui, um percurso argumentativo dividido em duas partes. Na primeira, reconstituímos elementos da concepção de guerra de filósofos como Maquiavel, Clausewitz e Kant, destacando, nos dois primeiros pensadores, a prerrogativa de que a guerra é racional quando se configura meio para fins políticos. Na segunda parte, confrontamos essa racionalidade política da guerra com a dupla dimensão técnica que a guerra assumiu: de um lado, a guerra como um fim em si mesmo e não mais como meio da ação política; de outro, a dimensão racionalizante da guerra como resultado do progresso técnico e científico, atualizada como guerra do terror.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.